No final de novembro de 2005, brasileiros artistas, trabalhadores, empresários, intelectuais, estudantes, enfim, cidadãos dos mais diversos segmentos, iniciaram um movimento cívico dirigido, essencialmente, a mudar o país o mais rápido possível. Trata-se do “Quero Mais Brasil”, resultado da troca de experiências, em dimensão nacional, entre pessoas que dividem preocupações e objetivos em relação ao Brasil. O intuito é conscientizar a sociedade de que, só por meio da união, conseguiremos ser, de fato, uma terra de oportunidades concretas e de crescimento coletivo.


O “Quero Mais Brasil” busca acabar definitivamente com o comodismo e com a ladainha de que o Brasil é o país do futuro. Deixa bem claro em suas propostas que queremos, ou melhor, exigimos que o Brasil seja o país do presente.



Entre seus signatários há nomes que, por si só, garantem isenção, apartidarismo e abrangência social: dr. Adib Jatene, Washington Olivetto, Elba Ramalho, Sandy, Daniela Mercury… Tem ainda o apoio de centenas, milhares de entidades de profissionais liberais importantes, como a Associação Médica Brasileira, OAB, Associação Comercial de São Paulo, trabalhadores de diversas categorias e suas representações. Enfim, cresce a cada dia e, ouso afirmar, já conta com milhões de defensores.



Neste universo, a AMB e outras entidades, como a Associação Paulista de Medicina e sociedades de especialidades, representam os médicos brasileiros. Tem um peso importantíssimo. É o registro de que nós, profissionais da medicina, não estamos satisfeitos com o Brasil de agora, mas que temos a certeza de que ele pode ser muito melhor imediatamente, desde que esteja em consonância com os anseios da sociedade e que tenha como representantes políticos brasileiros dignos e comprometidos com o desenvolvimento e a justiça social.



Uma das vertentes importantes do movimento é a contestação de nossa altíssima carga tributária. O impostômetro da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) – painel eletrônico que mostra a arrecadação de impostos federais, estaduais e municipais em tempo real – registrou, no dia 10 de agosto, que os brasileiros já pagaram mais de R$ 500 bilhões – isso mesmo, mais de meio trilhão – em impostos desde 1º de janeiro de 2006. Em 2005 esse montante foi alcançado somente no dia 6 de setembro, portanto 27 dias mais tarde, o que indica que a gula arrecadatória do governo continua insaciável. Aliás, cresce a cada dia, para o pesar de todos os cidadãos.



Por ser uma iniciativa democrática, positiva, propositiva e que certamente trará bons frutos, o “Quero Mais Brasil” apresenta propostas, e não apenas críticas. Por intermédio de uma caravana de nome De Olho do Imposto, percorreu o país e coletou mais de 1,5 milhão de assinaturas num abaixo-assinado que visa apoiar um projeto de lei que estabelece a obrigatoriedade do consumidor ser informado a respeito do valor dos impostos pagos sobre as mercadorias e serviços, regulamentando o artigo 150 da Constituição Federal em seu parágrafo 5º. Temos todo o direito de saber os valores de nossas contribuições para cobrar, como contrapartida, a competente gestão dos recursos públicos.



O simples fato de mobilizar a sociedade para buscar melhorias ainda hoje já é uma grande contribuição. Trata-se de uma mudança de mentalidade da maior relevância. Portanto, a cada nova adesão ao “Quero Mais Brasil”, comemoramos bastante, pois um brasileiro, apenas um cidadão, pode fazer bastante isoladamente e muito mais quando se une em torno de uma grande idéia.



Com certeza, ao debater a relevância da ética, por exemplo, plantamos a semente que afastará da vida pública os corruptos e seus serviçais. Será uma grande vitória, não resta dúvida. Então, junte-se a nós, pois, tenho convicção, você sabe que o Brasil tem cura e quer mais, muito mais.


 


 *Eleuses Vieira de Paiva é ex-presidente da Associação Médica Brasileira.