Apesar de dizer que é cedo para pensar nisso, o secretário de Estado do Desenvolvimento Urbano e deputado estadual eleito Ratinho Júnior (PSC) admitiu ontem a possibilidade de se candidatar à prefeitura de Curitiba em 2016. Até então, ele vinha sinalizando a intenção de pular a eleição do ano que vem para se concentrar no projeto político de concorrer à sucessão do governador Beto Richa (PSDB) em 2018. Mas agora, Ratinho Jr reconhece que não dá para ignorar o resultado do levantamento da Paraná Pesquisas, divulgado na última terça-feira, que o coloca na liderança das intenções de voto para a prefeitura da Capital, com 38% da preferência do eleitorado, contra 17% do atual prefeito Gustavo Fruet (PDT) e 10% do ex-prefeito e deputado federal Luciano Ducci (PSB). E que vai avaliar o cenário até abril do ano que vem para decidir o que fazer. 

O prazo estipulado pelo secretário – que saiu das urnas de outubro último com mais de 300 mil votos para deputado estadual e ainda garantiu para seu partido a maior bancada na Assembleia Legislativa, com doze cadeiras – não é gratuito. Abril é justamente o prazo limite estipulado pela legislação eleitoral para quem pretende disputar a eleição municipal se desincompatibilizar do cargo no Executivo.
Você com 38% (de intenção de voto) falar que não é candidato a nada é uma bobagem. Eu digo que é uma reflexão que tem que ser feita lá na frente, admitiu Ratinho Jr ao Bem Paraná. E uma avaliação que eu tenho que fazer não sozinho. Mas com as pessoas que fazem parte do nosso grupo político lá na frente, para lá em março, abril do ano que vem fazer uma análise mais profunda, explicou.
Em 2012, Ratinho Jr apareceu como a grande surpresa da eleição, terminando o segundo turno com 39,35%, contra 60,65% de Fruet. No primeiro turno, ele já havia surpreendido ao terminar na frente, com 34,09% dos votos, contra 27,22% do pedetista, e 26,77% do então prefeito Luciano Ducci – que tinha o apoio do governador. Após a eleição deste ano, chegou a ensaiar uma disputa pela presidência da Assembleia, mas acabou abrindo mão em favor do líder do governo, deputado Ademar Traiano (PSDB), e aceitando convite de Richa para voltar ao comando da Sedu.
Desde então, ele e aliados sinalizavam que uma nova candidatura a prefeito estaria fora de seus planos, pois o projeto seria concorrer ao governo daqui a quatro anos. A pesquisa – que mostra um cenário francamente favorável – acabou mudando essa percepção. Eu tenho agora que fazer uma interpretação e com muito cuidado, porque eu fui o mais votado em Curitiba – uma votação histórica para deputado estadual na cidade – e fui o mais votado no interior, reconhece o secretário. Então eu tenho que agora entender essas demandas, vamos dizer assim, das pessoas que acreditaram em mim. Eu tenho um carinho por Curitiba muito grande, até porque foi aqui que eu cresci, afirma, ressalvando, porém, achar que é muito distante para a gente pensar nisso.
Assembleia – Questionado sobre porque desistiu de disputar a presidência da Assembleia, apesar de ter sido o mais votado e ainda garantir a eleição da maior bancada na Casa, Ratinho Jr afirma que tratou-se de um recuo estratégico. Eu não sou de fazer nenhum tipo de enfrentamento no sentido de querer fazer um racha. Tinha a minha candidatura e a do (líder do governo, deputado Ademar) Traiano, que em um primeiro momento a gente achou que poderia entrar em um consenso, ele sendo primeiro-secretário ou vindo ocupar um outro cargo na Mesa. Ou eu também. Mas como a gente começou a ver um movimento forte até de outros partidos que não estava na base (do governo) pró-Traiano, e o governador também fez um apelo, os próprios prefeitos, para que eu voltasse para a Secretaria de Desenvolvimento Urbano, eu entendi que esse recuo seria estratégico para poder fazer um bom trabalho na Sedu, diz ele.
Sobre as dificuldades financeiras enfrentadas pelo governo nesse início de mandato, Ratinho Jr diz estar tranquilo. É que ao contrário de outras pastas, a Sedu não depende de recursos do caixa geral do Tesouro do Estado para tocar seus projetos, que são financiados por organismos nacionais e internacionais, através da Agência de Fomento. Temos R$ 400 milhões para este ano, o que é bastante dinheiro, comemora.