RICARDO HIAR
CARAGUATATUBA, SP – Uma dona de casa de 39 anos morreu de dengue hemorrágica na madrugada de quarta-feira (28), em Caraguatatuba, no litoral norte de São Paulo. A confirmação foi feita pela secretaria de Saúde do município.
Trata-se da primeira morte em decorrência da doença registrada na cidade neste ano. No ano passado, foram três.
De acordo com a prefeitura, Adelaide Amaro Simões deu entrada na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) no último dia 27 e, devido ao quadro hemorrágico, foi transferida no mesmo dia para a Casa de Saúde Stella Maris, onde morreu horas depois.
Segundo a secretaria, a demora na procura pelo atendimento médico pode ter contribuído para o agravamento do quadro – não há registros de consultas recentes da paciente na rede pública.
A família de Adelaide contesta a informação. Nádia Gonçalves Pires, irmã da dona de casa, afirma que ela procurou o médico assim que surgiram os primeiros sintomas – dores fortes na cabeça e no corpo, febre e tremores.
“Ela já tinha um problema de saúde nos ossos e tomava medicação para isso, tanto que nem podia trabalhar. Quando começou a sentir dores e a passar mal, no dia 24 de janeiro, foi ao hospital, onde tomou soro e fez exames”, disse.
Ainda segundo Nádia, sua irmã voltou no dia seguinte ao médico para ver o resultado dos exames, que confirmou a doença. Ela foi orientada a tomar paracetamol. “Depois disso, ela só piorou. Se tivesse recebido os cuidados necessários desde o início, talvez ainda estivesse aqui com a gente. Quando ela foi para a UPA no dia 27, a situação já estava bem grave e ela nem estava consciente.”
Adelaide morava no bairro Perequê Mirim, na região sul de Caraguatatuba, com as netas de 3 e 5 anos. De acordo com a família, ela não teve dengue anteriormente e contraiu a doença no bairro onde residia, já que não costumava sair de lá.
O Perequê Mirim é um dos grandes focos da doença no município, onde, somente em janeiro, foram confirmados 313 casos. Nas ruas e calçadas do bairro da periferia há muitos criadouros do mosquito Aedes Aegypti, transmissor da dengue, como lixo acumulado, entulho e restos de poda.
Segundo Nádia, áreas do bairro costumam alagar, como ocorreu em dezembro. As poças de água se acumulam e também contribuem para aumentar os casos de dengue.