SÃO PAULO, SP – O protesto dos caminhoneiros voltou nesta terça-feira (24) a bloquear trechos de rodovias em várias cidades dos país. Os manifestantes protestam contra a alta dos preços dos combustíveis, dos pedágios e dos valores dos tributos sobre o transporte. Em Minas Gerais, os manifestantes protestam em sete pontos das rodovia Fernão Dias (BR-381). Por causa da paralisação, os motoristas que trafegam no sentido São Paulo encontram trechos de lentidão entre os quilômetros 616 ao 617, 676 ao 677 e do 496 ao 513. No sentido Minas, ocorrem trechos de lentidão entre os quilômetros 681 ao 677, 637 ao 636, 521 ao 513 e do 622 ao 617. Também são registradas interdições em outras duas rodovias mineiras. Na BR-381, os bloqueios ocorrem próximo às cidades de Igarapé e Oliveira Perdões. Já na BR-040, os manifestantes realizam bloqueios próximo das cidades de Nova Lima e Contagem. No início desta madrugada, ao menos dez caminhoneiros fecharam por cerca de 20 minutos a rodovia Presidente Dutra, no sentido São Paulo, próximo à cidade de Guarulhos (Grande São Paulo). Segundo a PRF (Polícia Rodoviária Federal), a interdição provocou uma lentidão de 2 km. Apesar de não ter uma liderança unificada e pauta conjunta, o movimento, que começou na semana passada, ganhou força e amplitude nacional nesta segunda (23). Rodovias no Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Minas Gerais foram bloqueadas, causando prejuízo a produtores rurais e indústrias dessas regiões. As principais queixas dos caminhoneiros são o aumento no preço do diesel e dos pedágios, o que aumenta os custos de transporte em um cenário desfavorável para reajustes nos preços dos fretes. Além da crise econômica, os preços das commodities agrícolas, primordialmente transportadas por caminhões, estão em queda, dificultando as negociações para um aumento no valor pago pelo transporte das cargas. E um ano, o preço do frete de Sorriso (MT) a Santos (SP), uma das principais rotas da soja, caiu 27%, para R$ 230 por tonelada na semana passada, segundo o Imea (Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária). E o avanço da safra de soja, em plena colheita, seria um estímulo à realização dos protestos neste momento, devido à maior visibilidade. A mudança no quadro macroeconômico e de custos se tornou mais preocupante com o cenário de elevado endividamento no setor. Estimulados pelo PSI -programa do BNDES de incentivo à compra de caminhões novos-, muitos motoristas estão endividados e incluíram, nas reivindicações, a prorrogação de 12 meses das parcelas dos financiamentos. Os manifestantes também tentam pressionar a presidente Dilma a sancionar as alterações na “Lei dos Caminhoneiros”, já aprovada no Congresso, que amplia a jornada de trabalho para até 12 horas -oito horas mais quatro horas extras, e não duas horas extras, como em vigor. “Se eu sou autônomo, deveria trabalhar quantas horas quisesse, a hora que quisesse”, disse Otávio Mango, caminhoneiro que decidiu se juntar ao movimento em Palmeira das Missões (RS). Segundo Odi Zani, um dos líderes no município, os caminhoneiros registram em média queda de 30% no faturamento mensal.