Às vezes recebo em meu consultório pessoas que estão felizes com seus corpos cheinhos, mas vivem o drama de não serem aceitas por seus familiares e parceiros. Essa é uma questão muito séria, pois cada um tem o direito de manter-se do jeito que se sente bem.

A imagem corporal é uma representação mental que temos do nosso corpo, o conceito que cada indivíduo tem de suas partes. Porém, estamos expostos e vulneráveis á cultura do corpo belo, magro, que vem representada pela nossa interação com o ambiente, nos forçando a uma avaliação constante de como estamos, das nossas formas. A demanda social nos pressiona a ir em busca deste corpo dito perfeito, criando um desejo, uma busca desenfreada e surreal do corpo ideal.

O que mais me preocupa é a forma com que essa pressão acontece, parceiros insatisfeitos com o corpo que a mulher apresenta começam uma verdadeira tortura psicológica para que esta perca peso, pedindo que se pesem todos os dias pela manhã, controlando a ingestão de calorias e chegando a ameaçar o término do casamento, caso isso não ocorra.

Aí chegamos a um impasse muito sério, até que ponto se confunde amor e aparência? Ou melhor, até que ponto mulheres se sujeitam a serem avaliadas somente por seus corpos e não pela mulher que são suas características como pessoa, profissional, mãe? Como se autovalidar nesses casos?

Qualquer mulher acima do peso pode viver feliz em um relacionamento desde que escolha o parceiro correto, isto é, alguém que não valorize mais seu corpo a quaisquer outros aspectos de sua personalidade. Porém, não se assuste, parece que aqui entramos em um caminho de difícil escolha, mas na verdade não é somente em relação ao peso que precisamos escolher o parceiro certo, e sim para as diversas áreas que constituem um relacionamento, pois um homem que saiba amar de verdade e respeite as pessoas como elas são, irá com certeza olhar para a esposa através das características que esta apresenta, o contrário também é verdadeiro, das mulheres para com seus parceiros.

A autoestima acaba definindo muito o rumo das situações de nossas vidas, a partir do momento em que sabemos nosso valor e nos colocamos acima de qualquer situação que demonstre falta de respeito, seguiremos adiante em busca de relações melhores.

O corpo é seu, se ame e se respeite acima de tudo, pois independente de qualquer outro fator, o respeito começa com os limites que você impõe a tudo que diz respeito a si mesma.

Luciana Kotaka, psicóloga, colunista, blogueira e escritora, adoro explorar os assuntos que regem o comportamento e os sentimentos.