DANIELA LIMA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – As negociações pela criação de uma frente de esquerda avançaram neste sábado (27). Após uma longa reunião em São Paulo, dirigentes do PT, PSOL, PC do B e movimentos sociais, fecharam uma pauta de eventos para divulgar as atividades e anseios do que agora será chamado de “Grupo Brasil”, o embrião da coalizão.
Os cabeças do movimento marcaram um novo encontro para o dia 25 de julho, no qual vão discutir as diretrizes do grupo num encontro que contará com a participação de economistas que falarão sobre os problemas da economia e o ajuste fiscal promovido pelo governo da presidente Dilma Rousseff.
Dois nomes foram mencionados pelos integrantes da reunião deste sábado para integrarem o próximo encontro: Luiz Gonzaga Beluzzo e Márcio Pochmann. Ambos têm feito críticas à política econômica implementada no segundo mandato da presidente. Após essa segunda reunião, o grupo pretende lançar um documento apontando o que pensa sobre os rumos do país e da esquerda.
O “Grupo Brasil” também definiu que haverá uma primeira conferência nacional da frente, prevista para acontecer dia 5 ou 6 de setembro. A ideia é que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vá a esse encontro.
A iniciativa é uma aposta para fortalecer os partidos de esquerda, em especial o PT, que atravessa a mais grave crise institucional de sua história. No encontro deste sábado, integrantes do grupo argumentaram que está em gestação um escalada do conservadorismo no Brasil, que não mira só o petismo, mas uma série de pautas progressistas, como os direitos LGBT.
Apesar de fortalecer alas e bandeiras históricas do PT, a formação do grupo pode contribuir para pressionar ainda mais o governo Dilma a mudar os rumos de suas decisões na economia e a condução das negociações com o Congresso Nacional.
RETOMADA
Militantes de esquerda que se afastaram do PT desde sua chegada ao poder, em 2003, aceitaram conversar sobre a construção da frente e participaram da reunião do grupo neste sábado. Ex-preso político e ex-deputado federal, Wladmir Palmeira, que rompeu com a sigla por discordar de sua política de alianças, por exemplo, participou do debate.
O encontro foi convocado pelo líder do MST, João Pedro Stédile. Dirigentes do PT, como o presidente nacional da sigla, Rui Falcão, e o secretário nacional de comunicação, deputado José Américo Dias (SP) também ajudaram a organizar a reunião.
O PCdoB foi representado pela deputada Jandira Feghali e o ex-presidente da legenda, Renato Rabelo. O deputado federal do PSOL de São Paulo, Ivan Valente, enviou um representante. O sociólogo Leo Lince, articulador da legenda no Rio de Janeiro, também participou das discussões.
O grupo que promover, logo após seu lançamento nacional, na conferência em setembro, um “grande ato de massas”, com a presença de militantes das diversas siglas e integrantes dos movimentos sociais e sindicatos.
“A ideia é ter unidade popular mesmo, não é apenas uma questão eleitoral”, disse Rui Falcão, ao deixar o encontro.