Em pleno inverno, os curitibanos podem aproveitar um pouquinho da primavera que está por vir. É que na Capital é justamente na época mais fria do ano que as cerejeiras chegam ao período de floração, fazendo contrastar o céu cinzento dessa época do ano com o cor de rosa característico da árvore. Mas quem quiser aproveitar esse espetáculo da natureza não pode perder tempo. É que entre 15 e 30 dias as flores da cerejeira desabrocham, vivem e morrem, e esse período deve chegar ao fim em breve.

Não são poucos os lugares em nossa cidade para se contemplar a beleza (efêmera) da planta. Um dos mais conhecidos, certamente, é a praça do Japão, localizada no bairro Água Verde. A presença da planta no local é simbólica: a flor da cerejeira, chamada de Sakura pelos japoneses, é a flor símbolo do Japão, cultuada e respeitada como a própria bandeira japonesa ou o hino nacional. Hoje, existem mais de 300 variedades de cerejeiras no país asiático.

Em Curitiba, as primeiras mudas de cerejeiras chegaram há aproximadamente 80 anos, trazidas por imigrantes de japoneses. Em maior escala, é desde 1991 que elas tornam a cidade mais colorida e charmosa. Naquele ano, foi inaugurado o Jardim Botânico, que ganhou um corredor especial com cerca de 30 árvores que vão desde o início do estacionamento até o portal de entrada do parque. Outros locais em que é possível admirar a beleza da planta são as ruas XV de Novembro, Sete de Setembro e Pasteur, as avenidas Iguaçu e Anita Garibaldi e o parque Tanguá. Contudo, quem quiser apreciar a beleza de uma cerejeira deve se apressar. É que segundo a diretora do departamento de produção vegetal da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Erica Costa Mielke, a floração da espécie pode estar chegando ao fim. (O período de floração) é curto, mas também depende muito do nosso clima. Estamos no fim desse período, que normalmente ocorre em um mês. Então, a não ser que haja alguma diversidade climática, realmente é para acabar logo, explica.
A especialista também aponta que as cerejeiras se adaptaram tão bem à Capital justamente por conta do clima, que é bastante parecido com o de onde as plantas vieram. A queda da temperaatura importante para induzir a floração da planta, até por conta do dia mais curto, como a gente chama, que é quando o dia tem menos horas de luz e mais horas de escuro, complementa.
Apesar da adaptação, as árvores daqui não chegam a produzir o fruto característico. Mas mesmo sem a cereja, as mudas da planta podem ser facilmente encontradas em viveiros e floriculturas. O Horto Municipal da Barreirinha, por exemplo, produz essas mudas.

A lenda da cerejeira

Reza a lenda que a flor da cerejeira, Sakura, surgiu da queda da princesa Konohana Sakuya Hime (que significa Princesa da Floração). Ela teria caído do céu nas proximidades do Monte Fuji, sendo amparada pela árvore e em seguida se transformando na flor que embeleza e colore muitas praças e ruas de Curitiba nesta época do ano.

A chegada da planta ao Japão aconteceu séculos atrás. Por volta do século VII, os japoneses começaram a praticar o Hanami (apreciação das flores). No começo, os nipônicos apreciavam o florescimento do ume (ameixeira). Mas logo a sakura começou a atrair mais atenção, com o hanam virando sinônimo da flor de cerejeira.