O governador Beto Richa (PSDB) afirmou ontem que o pior da crise financeira enfrentada pelo Estado já passou, e que apesar do desgaste sofrido pelas medidas de ajuste fiscal, a situação tende a melhorar daqui em diante. A declaração foi dada após reunião do secretariado. Apesar do otimismo do tucano, o secretário de Estado da Fazenda, Mauro Ricardo Costa, alertou na mesma reunião que o ajuste ainda está em andamento, e que 2015 será o ano de pagar contas. 

O ajuste foi iniciado em dezembro do ano passado, quando a Assembleia Legislativa aprovou um pacote de aumento de impostos que elevou em 40% as alíquotas do IPVA e em 50% a 100% as do ICMS sobre cerca de 90 mil itens de consumo popular. Em fevereiro, novo pacote foi enviado ao Legislativo, prevendo corte de gratificações de servidores e mudanças na previdência do funcionalismo. O pacote acabou sendo retirado de pauta pelo próprio governo, depois que a Assembleia foi invadida e ocupada por manifestantes contrários às medidas. O auge da crise se deu em 29 de abril, quando nova tentativa de votar as mudanças na previdência acabou em confronto entre a polícia e professores em greve, no Centro Cívico, com mais de 200 feridos. A proposta acabou sendo aprovada, mas o episódio provocou profundo desgaste para o governo, que segundo levantamento da Paraná Pesquisas de junho, passou a amargar índices de reprovação de mais de 87%.
O governador admitiu, ontem, esse desgaste, mas alegou que as medidas eram indispensáveis para reequilibrar as contas do Estado. O pior já passou. Com o ajuste, pudemos respirar. Começamos a recuperar as contas e colher os frutos desta decisão, disse Richa. O esforço fiscal não terminou, mas já dá resultado, afirmou o secretário da Fazenda, Mauro Ricardo Costa. Este é um ano para pagar as contas, reconheceu ele.
Casa Civil – O governador descartou ontem promover mudanças no primeiro escalão da administração estadual. Nenhuma mudança prevista. Não há previsão alguma de novas mudanças em qualquer escalão do governo, garantiu Richa.
O líder do governo na Assembleia, deputado Luiz Cláudio Romanelli (PMDB) – que participou da reunião – também negou qualquer intenção de reforma no secretariado, em especial na chefia da Casa Civil, ocupada atualmente pelo ex-deputado federal Eduardo Sciarra (PSD). Ele desmentiu as especulações de que Sciarra pudesse ser substituído pelo ex-presidente da Assembleia e hoje deputado federal Valdir Rossoni (PSDB). Não haverá troca na Casa Civil, garantiu o peemedebista, que participou hoje pela manhã de reunião com o governador e os secretários.
Rossoni reivindicava a vaga de chefe da Casa Civil já desde a eleição de 2014, mas foi preterido por Sciarra. O Sciarra está fazendo um trabalho muito importante de articulação política do governo. O Rossoni é uma questão do Beto Richa, afirmou Romanelli. Além disso, o Sciarra tem uma interlocução com o governo federal, com o (ministro das Cidades Gilberto) Kassab. É um interlocutor reconhecido em Brasília, com fácil acesso aos ministros. Não foi oposição à presidente Dilma. A gente sabe como isso é importante como chefe da Casa Civil. O Rossoni seria a última pessoa a ter o mínimo de interlocução com o governo federal, avaliou o peemedebista, referindo-se ao fato do tucano integrar a oposição ao governo federal.