RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, afirmou que a recuperação da petroleira “é um projeto de cinco anos”.
Em entrevista publicada neste domingo (9) pelo jornal “O Estado de S.Paulo”, ele disse que a Operação Lava Jato, que investiga desvios na estatal, “consome energia” e “carrega uma carga negativa”.
Segundo ele, o trabalho de reestruturação só terminará quando todos os processos da companhia forem passados a limpo.
A declaração ocorre depois de a empresa anunciar uma queda de 89% no lucro do segundo trimestre, em relação a igual período do ano passado. A Petrobras reportou, na última quinta-feira (6), um lucro líquido de R$ 531 milhões de abril a junho deste ano.
Bendine afirmou que a empresa dará prioridade à sua rentabilidade em detrimento da produção de maiores volumes de petróleo, principalmente por conta do cenário de queda no preço do barril.
Segundo o presidente da estatal, a Petrobras passou por uma excessiva terceirização de mão de obra e o momento é de mudança na estrutura organizacional. Questionado se haverá demissões, limitou-se a dizer que o inchaço da empresa estava atrelada a um “boom nas indústria por mais de uma década’.
Diante da queda do barril, disse, a empresa demorou a adotar medidas de ajuste estrutural. “As petroleiras começaram a fazer o dever de casa antes”. Atualmente, afirmou, a maior preocupação da Petrobras é equacionar sua dívida. “O índice de alavancagem está muito alto em comparação com o mercado. Isso não é salutar”.
Bendine voltou a negar que o pagamento de R$ 1,6 bilhão em dívidas com o Tesouro, um dos motivos para a queda no lucro do segundo trimestre, tenha ocorrido para ajudar o governo federal com o ajuste fiscal. “A geração de caixa é um problema do Tesouro, não da Petrobras”, disse ao jornal.
PREÇO DOS COMBUSTÍVEIS
O presidente afirmou que não bateu à porta do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, para pedir autorização para reajustar o preço dos combustíveis no país. Segundo ele, a Petrobras tem um política de reajuste de preços e que ele não aceitará ingerência do Planalto nesse tema.
“Não peço aumento de preço para o governo de jeito nenhum. Política de preços é com a companhia. Não aceito esse tipo de interferência. O conselho [de Administração] é autônomo”.
Ele classificou como especulação os rumores de que a empresa venderia campos no pré-sal como parte de seu programa de desinvestimento. Ele adotou estratégia de vender ativos não considerados estratégicos, como forma de fazer caixa e reduzir seu endividamento.
“Isso [a venda de blocos no pré-sal] é especulação. Esse é um belo ativo. Nossa joia da coroa se chama pré-sal. É onde vamos nos concentrar”.