O Brasileirão teve seu primeiro turno concluído, tivemos muitos bons jogos naquele que está sendo considerado o mais disputado dos últimos anos. Em meio a essa disputa, qualquer detalhe pode ser fundamental para a conquista de uma vitória ou para uma derrota.

No futebol, o centroavante pode passar o jogo inteiro errando os chutes e perder várias oportunidades. Faz parte. Até dizem que, se tiver dez chances, terá de guardar uma e estará tudo resolvido. O zagueiro pode entregar a bola para o adversário marcar gol, pois terá ainda a chance de uma defesa do goleiro para salvar a situação. Já no caso do goleiro, se houver falha ele será cobrado e lembrado para sempre.

Entretanto, a maior cobrança no futebol será sempre em cima da arbitragem. São os árbitros os causadores de todas as dores do mundo e dos dissabores do esporte mais popular que conhecemos.

Obviamente que eles erram, e muito. Todos os seres humanos são passiveis de erros, independente das profissões. Eles erram por cederem às pressões, por serem mal preparados técnica e emocionalmente e, em alguns casos, por interesses escusos — vide o caso fatídico do árbitro Edilson Pereira de Carvalho.

São erros de toda sorte. Erram no posicionamento em campo, às vezes até atrapalham os jogadores. Erram na interpretação de lances simples. O que dizer quando surge um lance mais complexo? Se fizermos uma análise de falhas de arbitragem, o relatório sairá repleto de anotações. Mesmo assim, entendo que, como em toda a sociedade, existem os bons e maus profissionais, pessoas de bom e de mau caráter, pessoas preparadas e outras menos preparadas. Os árbitros estão inseridos nesse contexto social.

Não concordo quando vejo erros de arbitragem e logo ouço que a solução passaria necessariamente pela profissionalização da arbitragem brasileira. Mas poderia ser o começo da modernização que todos pregam.

É visível que todos os segmentos do futebol evoluíram e alcançaram status de um negócio muito rentável. Só a arbitragem continua sendo aquela mesma dos tempos de Charles Miller.

A solução passa pela evolução tecnológica. Uma pena que as mudanças propostas para melhorar o esporte ainda são muito tímidas. Por exemplo, inserido nas Regras de Futebol pelo International Board (IFAB), fruto da idéia de Michel Platini, os árbitros assistentes adicionais (AAA) não funcionaram no Brasil. Eram mais peças decorativas que serviam apenas para ganhar um trocado, numa espécie de cinzeiro em moto.

Além de não obter os resultados esperados, mais erraram que acertaram. Tal medida causou uma indisposição junto aos clubes pelo aumento da taxa de arbitragem. Era o trunfo que os dirigentes queriam para expurgar essa ideia.
Houve um avanço no Campeonato Brasileiro, os árbitros têm a possibilidade de comunicação entre todos os integrantes por meio de radios comunicadores. Entretanto, os erros continuam. Desta forma, urgentemente, outras mudanças são necessárias e os comandantes da arbitragem mundial, as pessoas que têm o poder de mexer nas regras, os velhinhos da International Board, que o façam em benefício do futebol.

Entendo que a solução para os erros de arbitragens no futebol passa uma cópia daquilo que foi feito no Voleibol e no Tênis. Pode ter certeza que resolveria boa parte dos problemas se pudéssemos parar o jogo e recorrer à tecnologia em lances capitais.

Todos nós sabemos que as mudanças no futebol são muito lentas. Para a Fifa fazer alguma alteração na regra do jogo, demanda muito tempo. No entanto, algo deve ser feito. É impossível convivermos com incontáveis erros de arbitragem sem que seja tomada alguma providencia. São jogos decididos no apito, campeonatos definidos por erros que, se não houver a intervenção da tecnologia, ficaremos na dúvida se foram erros intencionais causados por forças ocultas ou por pura incompetência do árbitro, seja ele profissional ou amador.

Edilson de Souza é jornalista e sociólogo