O cantor Alceu Valença desembarca na capital paranaense e apresenta seu show na Ópera de Arame, hoje, a partir das 21 horas. No palco, o cantor interpreta composições recentes, redescobre preciosidades escondidas e recria grandes sucessos. A alquimia valenciana condensa os gêneros ancestrais da cultura nordestina em um caldeirão musical sofisticado e contemporâneo. Do agreste ao sertão, da zona da mata ao litoral, Alceu Valença é Pernambuco falando para o mundo com o nordeste em suas digitais.

Alceu Valença sobe ao palco da Ópera de Arame ao lado de Paulo Rafael (guitarra e violão), Tovinho (teclados), Nando Barreto (baixo) e Cássio Cunha (bateria).

O público que for prestigiar o cantor pernambucano vai poder curtir uma noite inesquecível coroada com sucessos como Bobo da Corte, Coração Bobo, Anunciação, Girassol, Tropicana, Cavalo-de-pau, Belle de Jour e muitas outras.

Penso meus shows como um roteiro cinematográfico, a música é um documentário da minha condição de eterno caminhador. No palco, piloto táxis, aviões, monto em papagaios do futuro imaginários que me conduzem aos caminhos da criação. Sigo entre galopes de cavalos, trilhos de trem e de metrô, entre a saudade, as cidades e a novidade. Sou um espelho do povo brasileiro, reflete o cantor.

Nascido em São Bento do Una, agreste de Pernambuco, em 1946, Alceu Valença cresceu em convívio direto com os elementos vivos que ajudaram a consolidar a cultura nordestina contemporânea. Pelo canto dos aboiadores, emboladores, violeiros e cantadores de feira; pelas toadas, baiões, xotes e rojões, cantigas de cego e tocadores de sanfona de oito baixos; pelos poetas de cordel, versejadores populares e artistas de circo, entre outras manifestações que conhecera desde o berço, Alceu assimilou a cultura e a música do agreste e do sertão a partir das raízes que a constituíram.

Na adolescência, em Recife, viu descortinar-se à sua frente a cultura da zona da mata, dos canaviais e do litoral. Conheceu os blocos de frevo, os grupos de maracatu e ciranda; assimilou a poesia urbana e contemporânea, o cinema de autor, adquiriu o gosto pela política e as questões sociais, formou-se em Direito e assumiu-se como artista.


DISCOGRAFIA

– 1972 – Alceu Valença & Geraldo Azevedo – Vinil / CD
– 1974 – A Noite do Espantalho (Continental)
1974 – Molhado de Suor (Som Livre) – Vinil / CD
1976 – Vivo! (Som Livre) – Vinil / CD
1977 – Espelho Cristalino (Som Livre) – Vinil / CD
1979 – Saudade de Pernambuco (Society France de Produción)
1980 – Coração Bobo (Ariola) – Vinil / CD
1981 – Cinco Sentidos (Ariola) – Vinil / CD
1982 – Ao Vivo (Festival de Montreux-Suiça)
1982 – Cavalo de Pau (Ariola) – Vinil / CD
1983 – Anjo Avesso (Ariola) – Vinil / CD
1983 – Brazil Night / Ao Vivo Montreux (com Milton Nascimento e Wagner Tiso)
1984 – Mágico (Barclay/Polygram) – Vinil /CD
1985 – Estação da Luz (RCA Victor) – Vinil / CD
1986 – Ao Vivo (Barclay/Polygram) – Vinil / CD
1986 – Rubi (RCA Victor) – Vinil / CD
1987 – Leque Moleque (BMG Ariola) – Vinil / CD
1988 – Oropa, França e Bahia – ao vivo no Scala 1, RJ (BMG Ariola) – Vinil / CD
1990 – Andar Andar (EMI/Odeon) – Vinil / CD
1991 – 7 Desejos (EMI/Odeon) – Vinil / CD
1994 – Maracatus, Batuques e Ladeiras (BMG Ariola) – Vinil / CD
1996 – O Grande Encontro – ao vivo em conjunto com Elba Ramalho, Geraldo Azevedo e Zé Ramalho (BMG Ariola) CD
1997 – O Grande Encontro 2 – ao vivo em conjunto com Elba Ramalho, Geraldo Azevedo e Zé Ramalho
1997 – Sol e Chuva (Som Livre) – CD
1998 – Forró de Todos os Tempos (Sony Music) – CD
1999 – Todos os Cantos – ao vivo em Olinda, Recife e no Montreux Jazz Festival – (Abril Music)
2000 – O Grande Encontro 3 – ao vivo em conjunto com Elba Ramalho, Geraldo Azevedo e Zé Ramalho
2001 – Forró Lunar (Columbia) – CD
2002 – De Janeiro a Janeiro (Tropicana Produções) – CD
2003 – Em Todos os Sentidos (Indie Records) – CD / DVD
2004 – Na Embolada do Tempo (Indie Records) – CD
2006 – Marco Zero – Ao Vivo (Indie Records) – CD / DVD
2009 – Ciranda Mourisca (Biscoito Fino) – CD
2014 – Amigo Da Arte (Deck) – CD
2014 – Valencianas (Deck) – CD / DVD

Nos anos 70, surgiu para o Brasil ao mostrar uma música insinuante e perturbadora, repleta de metáforas e referências nordestinas. Sua Vou Danado para Catende utilizava guitarras pesadas como chumbo sobre a poética lírica com alguns versos emprestados pelo poeta pernambucano Ascenso Ferreira.

O sucesso para o grande público chega na década de 80. Depois de uma temporada em Paris, regada a músicas de Jackson do Pandeiro e Luiz Gonzaga, e a um mergulho nos textos antropológicos de Gilberto Freyre, Alceu se recria enquanto artista e formata o estilo que o consagraria como um dos maiores poetas, cantores e compositores do país. Músicas como Coração Bobo, Anunciação, Tropicana, Belle du Jour, Táxi Lunar, Pelas Ruas Que Andei, Cabelo no Pente, Solidão, Como Dois Animais, Na Primeira Manhã, Estação da Luz, Embolada do Tempo, entre muitas outras, o conduzem aos primeiros lugares das paradas de sucesso e reafirmam seu compromisso com a identidade cultural nordestina.

Aos 40 anos de carreira (a partir do primeiro LP solo, Molhado de Suor, de 1974), com mais de 35 discos lançados, Alceu Valença continua a se reinventar. No último ano lançou seu primeiro longa-metragem como diretor, A Luneta do Tempo — com forte temática nordestina, do cordel ao cangaço, do forró ao circo — onde atuou também como roteirista, montador e ator, além de escrever todos os diálogos e canções. O filme recebeu dois kikitos (direção de arte e trilha sonora) no Festival de Gramado de 2014, além de participar de diversos festivais — incluindo a Mostra São Paulo de Cinema, Festival Melhores do Ano do Cinesesc (SP), Festival do Rio, Cine PE, Aruanda (PB), Festival de Cinema de Mar Del Plata (Argentina). O ano de 2014 também.

SERVIÇO:
O quê: Alceu Valença
Quando: Hoje, às 21 horas
Onde: Ópera de Arame  Rua João Gava, 874 – Abranches
Quanto: R$ 140,00 inteira / R$ 70,00 meia
Ingressos: Disk Ingressos