O Campeonato Brasileiro só acabou para o Corinthians -virtual Campeão Brasileiro – para os demais clubes as últimas cinco rodadas podem ser definitivas para projetar o próximo ano.

O futebol é muito caprichoso e nos mostra ao longo da historia que muitas vezes o impossível é colocado de lado e abre espaço para enormes surpresas. Mas, obviamente que, se observarmos os quatro times que estão na rabeira da tabela, Joinville, Vasco da Gama, Goiás e Coritiba e verificarmos como foram os procedimentos desses clubes nas suas montagens de seus elencos, os resultados obtidos não são surpresa para ninguém.

O Vasco da Gama por incompetência administrativa está mergulhado numa crise financeira sem precedentes. E, ao invés de procurar um crescimento estrutural investindo em novas idéias, promovendo novas lideranças, não, ele opta por ressuscitar o seu eterno salvador, Eurico Miranda e faz um retrocesso monumental. O resultado das bravatas de seu presidente pode ser visto nos números alcançados na tabela.

Entretanto, se critico o modelo adotado pelo time da Colina para gerir o clube em termos administrativos, não posso fazer o mesmo na gestão do futebol. O ponto positivo do Eurico Miranda foi entregar o futebol nas mãos de quem entende de futebol. O nível de futebol melhorou quando entregaram a chave do vestiário para Jorginho e Zinho.

O caso do Joinville é um pouco diferente. Aparentemente tem gestores capacitados para administrar o seu dinheiro e tem gente que conhece futebol no departamento da bola. Porém, o que recebe é muito pouco para disputar um campeonato contra adversários milionários. É um clube que neste momento não esta estruturado para encarar uma série A. Então, se foi cometido algum pecado pelo time do Joinville nesta temporada, esse pecado é o de não ter usado de criatividade na montagem de seu elenco.

O time do Goiás foi campeão goiano, mas parece ser um time talhado a jogar a série B. Cumpriu a risca o roteiro do rebaixamento. Acreditou que ao ser campeão estadual o seu time estaria pronto para encarar o brasileiro. Trocou varias vezes de treinador e as brigas internas fizeram com que o seu presidente caísse na esparrela de brigar com seus jogadores via imprensa.

E, chego ao nosso terreiro para falar do Coritiba e infelizmente não tenho coisas boas para dizer ao torcedor. O clube estava ansioso por mudanças e resolve mudar. Então, o clube começa a temporada com uma nova diretoria. Há o ingresso de novas lideranças no comando e todos com muitas idéias positivas, as quais foram propostas na campanha eleitoral.

Entretanto, em pouquíssimo tempo, uma briga interna rachou o clube. Não houve unidade de pensamento no conselho administrativo e essa disputa pelo poder foi um dos causadores da derrocada do time neste ano.

A perda do título do campeonato estadual, em casa para o time do Operário acelerou as mudanças. E a falta de competência daqueles que ficaram a frente do clube fez com que chegássemos a esse estágio terminal. Troca de treinador, e a opção por um profissional apático em declínio técnico – alias que não fazia um bom trabalho havia muito tempo. O dinheiro que já era pouco fora utilizado em contratações equivocadas, na aposta em bondes em detrimento às pratas da casa. Só cometeram besteiras. Desta forma o clube parece não aprender com seus próprios erros e cumpre fielmente o roteiro do rebaixamento mais vez.

Logo, há algumas semelhanças do Coritiba com o Vasco da Gama, Joinville e Goiás: os dois primeiros estão destruídos financeiramente e tem dividas milionárias, os outros não fazem parte da elite financeira e por esse motivo não conseguem montar elencos de qualidade.

Contudo, também têm grandes diferenças. Enquanto o Vasco da Gama e Joinville dão oportunidade para profissionais capacitados gerirem o futebol e abrem as portas para ex. jogadores trabalharem no clube, o Coritiba prefere se entregar a forasteiros, os mesmos que enterram o time e no final da temporada vão embora como se nada tivesse acontecido.

Edilson de Souza é jornalista e sociólogo