Aproximadamente 20 anos de idade, branca e morta dentro de casa. Esse é o perfil das mulheres vítimas de assassinato no Paraná, revelam dados compilados por meio do Mapa da Violência 2015 – Homicídio de Mulheres no Brasil, divulgado ontem, com base no Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde.

Publicado ontem pela Faculdade Latino Americana de Ciências Sociais (Flacso), o Mapa da Violência é de autoria do argentino radicado no Brasil, Julio Jacobo Waiselfisz. O sociólogo analisa dados oficiais nacionais, estaduais e municipais sobre óbitos femininos no Brasil entre 1980 e 2013 (último ano com dados disponíveis pelo Ministério da Saúde), passando ainda por registros de atendimentos médicos.
Enquanto o número de vítimas do sexo feminino registrou um aumento de 21% no Brasil entre 2003 e 2013, passando de 3.937 para 4.762, no Paraná essa variação foi ainda maior, de 24,7%. Em uma década, o número de mulheres mortas subiu de 227 para 283, o que coloca o Paraná em quinto no ranking do crime, atrás apenas de São Paulo (620 mortes), Minas Gerais (427), Bahia (421) e Rio de Janeiro (386).

Entre as capitais, Curitiba aparece na liderança da região Sul do país e em 9º no ranking nacional. Em 2003, 50 mulheres haviam sido mortas na Capital. Em 2013, o número saltou para 58, um crescimento de 16%. Com isso, a taxa de feminicídio para cada 100 mil habitantes também registrou uma alta, de 7,8%, passando de 5,7 para 6,2.
Isso significa que a taxa de Curitiba é maior do que a média estadual, que na última década subiu 15,1%, passando de 4,5 para 5,2. Com isso, tanto Curitiba quanto o Paraná aparecem com taxas acima da média nacional, de 4,8 (era 4,4 em 2003).
Voltando à idade das vítimas, dados do SIM revelam que 16,17% das vítimas no Estado possuem entre 20 e 24 anos. Em seguida aparece a faixa etária de 15 a 19 anos (16,04%) e de 25 a 29 anos (13,3%). A partir da última faixa, nota-se uma tendência de lento declínio até a velhice.
Outro dado interessante é que entre 2006, ano da promulgação da Lei Maria da Penha, e 2013, apenas cinco estados registraram quedas nas taxas: Rondônia, Espírito Santo, Pernambuco, São Paulo e Rio de Janeiro. No Paraná, foi verificado alta foi de 13,65%. O estado chegou a registrar uma queda em 2007, mas logo a taxa de homicídios voltou a crescer. Em outros estados, porém, a alta foi ainda mais significativa, casos de Roraima (+ 343,9%) e Paraíba (+ 229,2%).

Homicídio de Mulheres

Paraná
2003: 227
2013: 283
Variação: 24,7%
Média anual (2003-2013): 306

Curitiba
2003: 50
2013: 58
Variação: 16%
Média anual (2003-2013): 69

 

Meios utilizados nos assassinatos (em %)

Arma de fogo: 48,8

Estrangulamento/sufocação: 6,1

Cortante/penetrante: 25,3

Objeto contundente: 8,0

Outros: 11,8