As eleições municipais de outubro devem elevar a temperatura e pautar os debates da Assembleia Legislativa, que retoma os trabalhos amanhã. Pelo menos dez deputados são potenciais candidatos à disputa pela prefeituras do Estado, sendo cinco somente em Curitiba. Além disso, os demais parlamentares – mesmo não entrando diretamente na busca por votos – certamente também estarão com as atenções voltadas para a campanha eleitoral, que começa oficialmente em agosto, mas desde já movimenta os bastidores da política paranaense.

Na Capital, a lista de pré-candidatos inclui o filho do senador Roberto Requião, Maurício Requião Filho (PMDB); o líder da bancada de oposição, Tadeu Veneri (PT); Ney Leprevost (PSD); a filha da vice-governadora, Cida Borguetti (PROS), Maria Victória (PP), e correndo por fora, o deputado Mauro Moraes (PSDB), que pode ser lançado como candidato do partido do governador Beto Richa (PSDB).

A relação pode incluir ainda o atual secretário de Estado do Desenvolvimento Urbano (Sedu) e deputado estadual licenciado, Ratinho Júnior. Apesar de ainda não ter definido oficialmente se será ou não candidato a prefeito, Ratinho Jr deve deixar o governo até o início de abril, quando termina o prazo para a desincompatibilização de quem ocupa cargos no Executivo. Dessa forma, manteria abertas as chances de entrar na disputa até o final de julho, quando acontecem as convenções partidárias. Em 2012, ele chegou ao segundo turno da eleição, vencida pelo prefeito Gustavo Fruet (PDT). Especula-se ainda que Ratinho Jr pode permanecer na Assembleia mesmo se não for candidato a prefeito, para concorrer à presidência da Casa, no final do ano, e angariar cacife para tentar uma candidatura ao governo ou a vice, em 2018.

A proliferação de concorrentes é estimulada pela profunda crise política que vem minando os índices de aprovação de praticamente todos os ocupantes da cargos executivos, incluindo Fruet, que apesar de ter recuperado parte de sua popularidade, aparece na última pesquisa disponível, de dezembro, com 48% de avaliação positiva junto ao eleitorado, segundo levantamento da Paraná Pesquisas.

Diante desse cenário, os parlamentares devem dar maior atenção às questões envolvendo a Capital, como o transporte coletivo, cuja tarifa está sofrendo novo reajuste, de R$ 3,30 para R$ 3,70, e motivando uma interminável queda de braço entre a prefeitura e as empresas de ônibus, com constantes paralisações do serviço.

Outros parlamentares também são potenciais candidatos às prefeituras do interior do Estado nas eleições deste ano. São eles: Leonaldo Paranhos (PSC), em Cascavel; Bernardo Carli (PSDB), em Guarapuava; Chico Brasileiro (PSB), em Foz do Iguaçu; e Marcio Pauliki (PDT), Ponta Grossa. Ex-prefeito dessa última cidade, o deputado Péricles de Mello (PT) vem afirmando que não concorrerá, preferindo trabalhar por uma frente de esquerda para apoiar o deputado federal Aliel Machado (PCdoB).

Quadro Negro – Outro assunto que deve movimentar as discussões na Assembleia, nesse início de ano Legislativo é a Operação Quadro Negro, que investiga um esquema de desvio de recursos de obras de construção de escolas estaduais não concluídas. Três investigadas na operação afirmaram em depoimento ao Ministério Público, terem ouvido do proprietário da construtora Valor, Eduardo Lopes de Souza – que está preso – que parte do dinheiro desviado teria ido para as campanhas do presidente da Assembleia, Ademar Traiano (PSDB); o primeiro secretário da Casa, Plauto Miró Guimarães (DEM) e o deputado Tiago Amaral (PSB). Eles negam envolvimento no caso. Como eles têm foro privilegiado, o processo foi encaminhado à Procuradoria Geral da República.


JANELA MEXE COM A CÂMARA
A Câmara Municipal de Curitiba também reinicia os trabalhos, esta semana, hoje, um dia antes da Assembleia. Como a maioria dos vereadores deve tentar a reeleição nas eleições de outubro, a disputa será ainda mais objeto da atenção da Casa. Além disso, com a janela de infidelidade aprovada pelo Congresso, muitos vereadores devem mudar de partido até o início de abril.

O PT é o partido que deve perder mais nesse processo. Dos três vereadores da legenda, somente a professora Josete deve permanecer na sigla.

Pedro Paulo  e Jonny Stica devem procurar outra sigla como forma de fugir do desgaste vivido pelo atual partido em razão dos sucessivos escândalos de corrupção, em especial do esquema de desvio de recursos da Petrobras investigado pela Operação Lava Jato.

Além disso, como o PT decidiu não repetir a aliança com o prefeito Gustavo Fruet (PDT) para lançar candidato próprio à prefeitura da Capital, os dois devem buscar uma legenda que apoie a reeleição do pedetista na disputa de outubro.