SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Duas pessoas foram queimadas vivas na segunda-feira (18) na capital de Zâmbia, Lusaka, em mais um episódio xenófobo contra comerciantes ruandeses suspeitos de fazerem rituais que envolvem mortes de pessoas, informou a polícia nesta quarta-feira (20), sem especificar a nacionalidade das vítimas.
“Desde o início dos distúrbios na segunda houve dois mortos. As pessoas foram queimadas vivas no dia 18 de abril de 2016 em Kanyama [bairro de Lusaka]”, declarou a porta-voz da polícia, Charity Chanda.
Lusaka foi palco de protestos entre segunda e quarta desde que rumores de que migrantes estariam realizando cultos envolvendo corpos se espalharam na cidade. Recentemente foram descobertos sete cadáveres que estavam sem orelhas, órgãos genitais e coração, e circulavam informações na internet de que as partes retiradas seriam utilizadas em rituais para garantir sucesso nos negócios. A polícia nega envolvimento dos migrantes nos casos.
Uma testemunha disse à agência de notícias Reuters disse que viu quando um dos protestos começou, presenciando quando uma loja de um ruandês foi saqueada. Chanda disse que 62 lojas foram roubadas e 256 foram detidos por furto e motim.
Davis Mwila, ministro de assuntos internos, disse que vários estrangeiros buscaram abrigo em delegacias com medo de sofrerem ataques. Ele também apontou que 11 pessoas foram presas sob suspeita de envolvimento nas mortes dos rituais.
O ACNUR (Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados), braço da ONU que trata da situação dos refugiados, condenou os ataques aos estrangeiros. A Zambia abriga milhares de refugiados de países vizinhos, em especial Ruanda e Burundi, e a relação entre as comunidades é normalmente pacífica.