A pesquisa Origem Destino da Prefeitura de Curitiba já começou a ser feita. Até o final de outubro, teremos concluído toda a pesquisa de campo. De 80 mil endereços sorteados por computador, de acordo com a listagem fornecida pelo IBGE, chegaremos ao número de 16 mil pesquisas domiciliares válidas, com pelo menos 56 mil pessoas. O próximo passo, então, será a consolidação dos dados que vão nos fornecer os resultados finais até meados de 2017, explicou o Supervisor de Informações do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), Oscar Schmeiske, gestor da pesquisa Origem Destino.

A cada turno de trabalho, os pesquisadores saem às ruas com uma listagem contendo endereços sorteados para aquele bairro, usando colete, boné e crachá da Pesquisa Origem Destino. Além disso, são obrigados a apresentar o próprio documento de identificação (RG). As respostas dos moradores são anotadas em tablets. Se o morador tiver alguma dúvida, pode solicitar que o pesquisador diga a senha contida na carta que recebeu.

Outra forma de confirmar a veracidade da pesquisa é telefonar para o número disponibilizado na carta enviada pelo Ippuc (3010-0630) – linha telefônica dedicada exclusivamente à Pesquisa Origem Destino. Se desejarem, os moradores também poderão telefonar para o 156 – linha direta de comunicação da Prefeitura Municipal de Curitiba com os cidadãos – em busca de mais esclarecimentos. Os pesquisadores são transportados aos locais de pesquisa em veículos adesivados com a logomarca da Origem Destino e que, por meio de auto-falantes, divulgam o jingle da campanha. Além do pesquisador que faz as entrevistas, outro profissional percorre as redondezas distribuindo folhetos e prestando informações aos moradores.

Até o momento, nosso trabalho tem sido tranquilo. A maioria das pessoas nos recebe muito bem, destacou o pesquisador Samuel Lourenço Ribeiro, de 41 anos. Segundo ele, o segredo está na forma de abordagem. Se a pessoa já recebeu e leu a correspondência, e nós conseguimos convencê-la a respeito da importância da Pesquisa Origem Destino, tudo fica mais fácil. São 15 perguntas gerais sobre transporte e 14 sobre o perfil socioeconômico do cidadão. Depois disso vem a parte mais importante: o morador é perguntado sobre os deslocamentos que fez no dia anterior: onde foi, de que maneira e qual meio de transporte utilizou. São esses dados que fornecem a radiografia dos deslocamentos diários feitos por cidadãos de todos os bairros de Curitiba e região metropolitana.

E o cruzamento dessas informações com as perguntas do questionário ajudam a compor o grande mosaico urbano e fornecem os indicativos dos problemas, gargalos, características e desafios da mobilidade urbana. Quando tivermos todos os resultados, isso vai funcionar como se estivéssemos vendo a cidade de cima, em seu pleno funcionamento, em tempo real, nos dias e horários que escolhermos. Algo tão desejado pela administração municipal e que será fundamental para determinar os rumos da mobilidade e o planejamento urbano, destacou o presidente do Ippuc, Sérgio Póvoa Pires.

Reação — Já nas primeiras visitas dos pesquisadores às casas dos moradores sorteados para participar da Pesquisa Origem Destino – Grande Curitiba, uma reação se destaca: a população elogia o fato de estar sendo ouvida a respeito das questões relacionada à mobilidade urbana. Vivo há 32 anos em Curitiba e nunca tinha sido procurado para opinar. Isso é muito importante. A população precisa ser ouvida sobre este assunto, disse José Silvano, de 65 anos, que é comerciário e usa o transporte coletivo diariamente em seus deslocamentos entre a casa e o trabalho, além de fazer percursos menores a pé.

Por uma questão de economia, uso o carro somente nos finais de semana, disse o morador da CIC que nasceu em Umuarama e escolheu Curitiba para viver e criar seus quatro filhos, hoje todos casados e morando em suas próprias casas. A esposa de seu José, dona Neusa Pereira da Silva, de 63 anos, é dona de casa e faz percursos a pé, próximos de sua residência, durante a semana. Porém, nas poucas vezes em que utiliza o transporte coletivo, diz que nunca encontrou problemas. Mas ficou feliz em ser ouvida. A população é quem sabe o que enfrenta em seu dia a dia. Por isso, todos devem ser ouvidos, reforçou dona Neusa.

Já outro morador do Bairro CIC, Claudinei Rodrigues de Oliveira, de 37 anos, tem uma rotina bem diferente. Ele é pastor e professor de Português e Inglês. Como faço muitos deslocamentos por dia, e tenho horários muito rígidos, raramente me desloco de ônibus. Então, o meu principal meio de transporte é o carro, explica Claudinei que é natural de Ivaiporã e vive em Curitiba há 22 anos, sendo os últimos 12 anos residindo somente na Cidade Industrial de Curitiba.

Fiquei surpreso e contente ao receber a carta avisando sobre a pesquisa. Isso é fundamental para o bom funcionamento e o planejamento da cidade, opinou. Oliveira não mora sozinho na residência. Vive junto com sua esposa, que é estudante de Pedagogia e trabalha com educação infantil. Como ela estava em horário de trabalho, os pesquisadores terão de retornar outro dia para completar a pesquisa neste domicílio, já que, de acordo com a metodologia adotada, todas as pessoas residentes no mesmo endereço devem ser ouvidas.