A Polícia Militar do Paraná participa a partir desta quarta-feira (21), em Brasília, do 10º Encontro do FBSP (Fórum Brasileiro de Segurança Pública) e, paralelamente, de um workshop, que terão como tema principal Violência contra a mulher, acesso à justiça e o papel das instituições policiais. O evento vai até esta sexta-feira (23).

Visando melhorar a atuação em relação à violência contra a mulher, a corporação designou a tenente Fernanda Pegorini, integrante da 5ª Seção do Estado-Maior da PM, para representar a corporação. Após os eventos a oficial será uma multiplicadora das informações e conhecimentos adquiridos. O objetivo é fazer com que os policiais militares tenham uma nova visão sobre o tema e assim a comunidade paranaense possa ser melhor atendida.

Em paralelo ao fórum, será feito nesta quarta-feira (21) um workshop especial em formato interativo para policiais e guardas municipais. O evento, coordenado pela professora Fiona Macaulay, da Universidade de Bradford, no Reino Unido, visa a troca de experiências para que os profissionais de segurança pública possam entender melhor as questões sobre relações de gênero e como se conectam a sua atividade profissional e sua identidade como policial.

O 10º Encontro do FBSP, que é feito desde 2006, tem o objetivo também de fazer o intercâmbio técnico e institucional dos diversos atores envolvidos nesta área. O fórum visa reunir pesquisadores, representantes da sociedade civil organizada e do setor privado, policiais e membros do sistema de justiça criminal em torno do debate sobre a violência contra a mulher e suas mais diversas formas.

Durante o encontro uma série de atividades serão desenvolvidas sobre temas como homicídios, vitimização policial, audiências de custódia, formação dos profissionais de segurança pública, dentre outros. Também haverá uma plenária com a presença de instituições policiais e da sociedade civil que debaterão propostas de modernização para campo da segurança pública. 

Para dar continuidade ao trabalho e desenvolver as atividades representando a Polícia Militar, a tenente Fernanda Pegorini tem pesquisado e estudado sobre o tema. A responsabilidade de assumir esta função é muito grande, mas, ao mesmo tempo, me dá orgulho, porque é um serviço que fará diferença para a sociedade e precisa ser desenvolvido em todo o país, destaca.

Em relação ao mesmo tema a Polícia Militar do Paraná também recebeu um convite da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp) para participar de um nivelamento que acontecerá nos próximos meses. O evento terá como intuito implementar a política nacional de patrulhamento especializado na proteção à mulher em situação de violência de gênero.

O grupo de trabalho atuará na formulação nacional desta política e como passo inicial serão aplicados diagnósticos visando o mapeamento e conhecimento acerca das experiências desenvolvidas no âmbito dos estados e município denominadas Rondas ou Patrulhas Maria da Penha. 

Após esse nivelamento traremos as experiências e conhecimentos para a Polícia Militar. Em seguida nosso objetivo é levar a cada comando regional da PM as informações para trabalharmos institucionalmente o tema da violência de gênero. Queremos orientar os policiais militares sobre os procedimentos de atuação e todas as medidas a serem tomadas em casos de diversas formas de violência contra a mulher, explica a tenente Pegorini.

HOMENAGEM – A tenente dentista da reserva, Luci Aparecida Rocha Belão, que atuou pela Polícia Militar do Paraná na luta contra violência contra a mulher, é uma das candidatas ao Diploma Mulher-Cidadã Carlota Pereira de Queirós – Edição 2016. Ao todo, 29 mulheres foram indicadas pelos deputados federais por contribuírem para o pleno exercício da cidadania na defesa dos direitos da mulher e questões do gênero. Até o dia 31 de outubro serão escolhidas as cinco agraciadas que receberão a honraria.

A tenente Luci tornou-se uma ativista por meio de seus trabalhos na década de 90. Ela conseguiu que as vítimas fossem atendidas em hospitais pelo IML para fazer a denúncia e, posteriormente, todos os exames clínicos e periciais necessários no mesmo local, evitando o processo de revitimização. 

A policial militar trabalhou na implantação da rede de proteção à criança e adolescente em situação de risco para a violência e também lutou no combate ao uso de drogas e à gravidez precoce. A tenente Luci articulou o programa Mulher de Verdade, em Curitiba, e participou da formulação de nova ficha de notificação que contemplasse todos os tipos de violência previstos na lei Maria da Penha.

Dentre as diversas ações que desencadeou, Luci estimulou a capacitação dos agentes de segurança para se sensibilizarem com a questão da violência contra a mulher, levando para sua corporação o acolhimento humanizado das vítimas de violência doméstica. Também foi coordenadora da Casa da Mulher Brasileira de Curitiba até março de 2016.