Aproximadamente três em cada quatro professores do Brasil usam internet em suas aulas. Segundo a pesquisa TIC Educação, realizada pelo Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), ligado ao Comitê Gestor da Internet, 96% das escolas estão conectadas à internet, 73% dos professores do País já utilizaram a rede em alguma de suas aulas No entanto, apesar da alta conectividade, boa parte dos professores não consegue aproveitar o potencial da tecnologia para o ensino.

Realizada entre setembro e dezembro de 2015, e revelada na quinta-feira, 29, em São Paulo, a pesquisa ouviu 900 escolas, cerca de 1,6 mil professores e mais de 9 mil alunos em áreas urbanas do território nacional — abrangendo cerca de 80% dos estudantes matriculados no Ensino Fundamental e Ensino Médio de todo o País.

Uma boa notícia é que a vasta maioria dos professores e dos estudantes ouvidos pelo estudo do NIC.br estão conectados à internet de alguma forma: na rede pública de ensino, 98% dos professores e 83% dos alunos acessaram a rede pelo menos uma vez nos últimos três meses — nas escolas privadas, esse dado salta para 100% dos professores e 94% dos alunos.

No entanto, apesar da alta conectividade, poucos ainda utilizam a internet em seu amplo potencial pedagógico: segundo a pesquisa, as principais atividades feitas com apoio da rede são pesquisas escolares (59%), trabalhos em grupo (54%) e exposição simples de aulas (50%).

Atividades mais interativas, como produção de planilhas e gráficos (22%) ou jogos educativos (31%) ainda são usados por poucos profissionais. “Embora a gente tenha quase duas décadas de fomento da tecnologia como instrumento pedagógico, ainda temos muitos desafios, e eles vão além da disponibilidade da tecnologia”, avalia Alexandre Barbosa, gerente do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), ligado ao NIC.br.

APLICATIVO DE AULAS AJUDA
Com a aproximação de provas como Enem, PAS e Vestibular, a busca por aulas de reforços escolares se reduz a apenas indicações, cursinhos ou classificados de sites e jornais. Esse processo demanda tempo do aluno para que sejam analisadas questões como os métodos do professor, a qualidade do ensino, distância e segurança. Pensando nisso, o aplicativo AulaUP foi lançado, em meados de setembro, como uma maneira de auxiliar neste processo de busca dos estudantes por docentes capacitados que estão próximos e também facilitar o pagamento — que é feito por cartão de crédito diretamente do app.

A plataforma é inovadora no ramo da educação porque conecta alunos e educadores utilizando a ferramenta de geolocalização, que funciona com a identificação do IP, e é capaz de informar o país, a cidade e o horário atual de onde se está e, assim, consegue de oferecer os serviços de aulas particulares de maneira fácil, segura e rápida. Em funcionamento no Distrito Federal, o aplicativo possibilita que o aluno solicite e tenha aulas de português, matemática, física, química e biologia em até duas horas. E conta com professores que atendem do ensino fundamental aí ensino médio, das 8h às 20h, por um valor pré-estabelecido de R$ 55 hora/aula.

O download é gratuito e funciona em smartphones com os sistemas Android e iOS. Em cinco passos é possível pedir a primeira aula: baixar o aplicativo, preencher a ficha de cadastro, escolher a matéria, inserir o número do cartão de crédito e solicitar um professor disponível próximo.

CELULAR REINA ABSOLUTO
Outro aspecto que se destaca na pesquisa feita pelo NIC.br é a presença do celular como dispositivo de acesso à internet pelos estudantes e professores — reiterando a importância do aparelho, como já mostrou a pesquisa TIC Domicílios, também realizada pelo núcleo, na qual o celular apareceu pela primeira vez como principal aparelho usado pelos brasileiros para acessar a internet.

Segundo a pesquisa, 78% dos alunos (75% nas escolas públicas e 87% nas escolas privadas) acessam a internet em seus celulares — já entre os professores, essa proporção vai para 85% dos profissionais (82% na rede pública, 92% nas instituições particulares). Dado que boa parte dos estudantes têm um celular na mão, uma alternativa seria utilizar o aparelho como principal dispositivo de apoio durante as aulas. Há muitas instituições de ensino que têm redes Wi-Fi: 84% nas escolas públicas e 94% nas escolas privadas.

No entanto, há diversas restrições de uso: apenas 35% das escolas privadas e 22% das escolas públicas disponibilizam redes sem fio para os alunos dentro das escolas. 58% das escolas privadas e 62% das públicas só deixam o Wi-Fi para atividades de gestão e/ou professores.

“A principal razão para as escolas não compartilharem a senha com os alunos está ligada diretamente à baixa velocidade dos planos de banda larga dos colégios”, explica Barbosa. Segundo a TIC Educação, 48% das escolas conectadas do País têm planos contratados de até 5 Mbit/s — para efeitos de comparação, é a velocidade recomendada pelo Netflix para que um usuário seja capaz de assistir um vídeo em resolução HD.