Jovens a partir de 15 anos e adultos de qualquer idade que desejam começar ou continuar o Ensino Fundamental (etapa do 1º ao 5º ano) devem procurar o núcleo regional de ensino municipal mais próximo para se informar onde o curso é oferecido. Na cidade, existem 60 escolas da Prefeitura que mantêm turmas de Educação de Jovens e adultos (EJA). Todas precisam ter pelo menos 15 inscritos. As aulas são das 18h às 22h.

Trotes diferentes e humanos ganham força em Curitiba

A Escola Municipal Colombo, no Sítio Cercado, é uma delas. Ali funciona uma turma de 21 alunos de diversas procedências, idades e níveis de aprendizagem. O grupo tem também estudantes em processo de inclusão. A professora regente, Acimar Nardelli de Aquino, tem cerca de 25 anos de magistério na Prefeitura e quase o mesmo tempo de prática com EJA. Todos se sentem muito à vontade com ela e só querem progredir, informa a professora articuladora da estratégia no local, Luciana Schuartz Brandt.

Futuro – Na sala de aula, exemplos dessa determinação não faltam. Depois de concluir o Fundamental, o operador de máquinas Carlos José Ferreira, de 43 anos, planeja fazer um curso técnico para se tornar torneiro mecânico. A renda vai aumentar, diz.

Operário da construção civil, o maranhense de Monção Revanilson Diniz, de 27 anos, quer tirar a carteira de motorista. Por enquanto, informa, ele se bate com a leitura. É o mais difícil pra mim, diz.

Trabalhador do mesmo setor, José Nélson de Paula, de 51 anos, afirma que progrediu e planeja fazer o Ensino Médio. Não me apuro mais pra ler, diz o paranaense de Laranjeiras do Sul, que faz a terceira tentativa de aprendizagem na EJA.

A estudante curitibana Fernanda Andrade da Cruz Ribas, de 27 anos, que ir além. Depois que fizer o Ensino Fundamental e o Médio, vai prestar vestibular para Odontologia. Quero ir pra frente, gesticula a alegre Fernanda, que começou os estudos na Escola Municipal Rio Negro.

O porteiro Manoel Ribeiro da Silva, de 53 anos, conta que retomou os estudos depois de 36 anos, para dar exemplo aos filhos. Eles queriam parar de estudar e eu, que já tinha feito até a antiga 5ª série, achei que era hora de recomeçar. Está sendo uma boa, explica Manoel, que está tentando mudar o turno de trabalho, que muitas vezes o impede de comparecer às aulas.

Crianças por perto –A fim de atrair mais interessados para a EJA e facilitar a frequência de pais com filhos pequenos e avós que cuidam de netos, em cinco dos 60 locais existem salas de acolhimento – espaços equipados com mesas, cadeiras, brinquedos e jogos para crianças de até 9 anos. Além da Escola Colombo, elas estão junto às escolas municipais Enéas Faria (Cajuru), Rachel Mader (Uberaba), Dona Pompília (Tatuquara) e Helena Kolody (Campo de Santana).

Nessas salas, enquanto os familiares estudam, as crianças fazem atividades monitoradas por professor. Estudantes e crianças jantam no local, que também recebe as que acompanham os pais matriculados nas turmas de Ensino Médio das Ações Pedagógicas Descentralizadas (Apedes), mantidas pelo Estado em salas separadas das mesmas escolas da Prefeitura.

Filhos e netos – A dona de casa Áurea Aparecida de Souza, mineira de Juiz de Fora, de 58 anos, está em Curitiba há 30. Quando necessário, ela pode levar a neta Yasmin, de 8. Como a avó, a menina estuda na Escola Municipal Colombo, a mesma onde estudaram sua mãe e seus quatro tios. Se ela precisar ficar comigo, não perco aula, diz Áurea.

Na última terça-feira (14), as meninas Samara Silva Moura, de 9 anos, e Natália Druciaki de Souza, de 4 anos, permaneceram na sala de acolhimento. Podemos receber mais 14 crianças, observa a professora acolhedora Crislei Sabatki. Acostumada com sala cheia durante o dia, já que é professora regente de 3ª série na Escola Municipal Antônio Pietruza, Crislei torce pelo aumento do grupo.

Samara, que durante o dia é aluna da Escola Colombo, é filha da vendedora cearense Elisama da Silva Carvalho, de 36 anos. Elisama parou de estudar quando ainda morava em Fortaleza, de onde veio há sete anos, porque não havia escolas perto de casa. Agora, quer terminar o Médio e ser técnica em enfermagem.

É o mesmo projeto de vida da colega de turma Elis Fabiane Druciaki, mãe da menina Natália. Dona de casa, Elis conta que só não retomou os estudos antes porque não sabia da existência da sala.

Mãe de dois filhos – além de Natália, ela tem Gustavo, de 8 anos – nem sempre Elis pode contar com a presença do marido para cuidar dos filhos à noite. Se soubesse, tinha começado antes, garante a futura técnica de enfermagem, que se tornou divulgadora da sala de acolhimento da Escola Colombo. Faço a maior propaganda porque mais gente pode se beneficiar. Pense: quantos, como eu, estão deixando de vir pra aula por causa dos filhos? Isso é uma benção, avalia.

Como os jovens e os adultos que estão colocando em dia os estudos, as crianças do acolhimento também jantam. São elas as primeiras a saborear a refeição. Logo que ouvem o barulho do carrinho empurrado pela merendeira Maria de Lourdes Lima Ramos no corredor, elas correm para a porta da sala a fim de conhecer o cardápio. Nesta semana, teve macarrão parafuso com molho de carne moída e, de sobremesa, goiaba.