A operação Carne Fraca, deflagrada pela Polícia Federal na última sexta-feira para combater fraudes na fiscalização e comercialização de carnes por parte de frigoríficos e auditores sanitários dominou as discussões da sessão de ontem da Assembleia Legislativa. Praticamente todos os deputados que utilizaram a tribuna da Casa criticaram a ação da PF, que segundo eles, teria cometido excessos ao dar a entender que toda a cadeia de produção da carne no País estaria cometendo irregularidades.

Tiro no pé
Um dos mais exaltados foi o líder do governo, deputado Luiz Cláudio Romanelli (PSB). Afirmando ser empresário do setor de transporte e filho de açougueiro, Romanelli afirmou que o País deu um tiro no pé ao transformar a operação em um espetáculo midiático que só beneficiará os concorrentes estrangeiros. O diretor geral da PF em Brasília deveria pedir desculpas ao País. Devia responder por improbidade por gastar dinheiro público em uma ação completamente despropositada, defendeu o líder governista.

Sensacionalismo
Em uma situação pouco comum, a crítica à operação Carne Fraca uniu o líder do governo aos da bancada de oposição, deputado Tadeu Veneri (PT). O petista também criticou o sensacionalismo como o caso vem sendo tratado pela mídia e alertou para as consequências das denúncias para a economia do País. Já o líder do PDT, deputado Nelson Luersen, condenou a generalização das denúncias, afirmando que mais de 90% do setor da indústria da carne no Brasil trabalha de forma séria, cumprindo com todas as normas técnicas.

Rastros
O deputado Guto Silva (PSD) disse apoiar ações de fiscalização, mas fez um alerta para os prejuízos enormes – inclusive no mercado externo – para a cadeia de agronegócios em função de fatos isolados, de atitudes praticadas por alguns. O presidente da Comissão de Agricultura, Pecuária, Pedro Lupion (DEM), classificou de irresponsável a forma como os resultados da operação da PF foram anunciados. Quem conhece sabe que temos um sistema de rastreabilidade que garante a qualidade da carne. São casos isolados, garantiu.

Cara a cara
Diante da guerra de versões entre a administração do atual prefeito Rafael Greca (PMN) e do antecessor e ex-prefeito Gustavo Fruet (PDT) a respeito da situação das contas do município, a vereadora Noêmia Rocha (PMDB) fez ontem uma proposta inusitada na Câmara de Curitiba. Defenderu uma acareação pública entre os dois. Segundo a peemedebista, seria uma forma de resolver de vez a polêmica entre Greca e Fruet, que se intensificou nos últimos dias em razão da greve do transporte coletivo.

Cargos
O vereador de Fazenda Rio Grande, Professor Marlon (Pros) tentou propor um projeto de emenda à Lei Orgânica do município para obrigar parlamentares eleitos pela cidade que ocuparem cargos no Executivo a renunciarem a seus mandatos. Segundo ele, porém, a maioria dos parlamentares que havia apoiado inicialmente a proposta, voltou atrás e retirou as assinaturas. Conforme o regimento da Casa é preciso assinatura de pelo menos um terço dos vereadores, para que o documento possa ser protocolado.

Descrença
A função de um vereador é a de fiscalizar o Executivo. Não há fiscalização se o vereador estiver ligado a um cargo dentro da Prefeitura. Vivemos um momento da descrença política, por isso é imprescindível adoção de medidas que moralizem essa Casa de Leis. Não podemos permitir que os interesses públicos se igualem aos interesses privados, defendeu Marlon.