AMANDA NOGUEIRA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A pulseira recarregável para compras de bebidas e alimentos, novidade desta edição, foi alvo de críticas dos usuários. Nesse sistema, cada um troca seu ingresso impresso por uma pulseira, que funciona como uma comanda, além de servir como a entrada para o festival.
Após carregar o acessório, o consumo, seja nas tendas fixas, vendedores de bebidas espalhados pelo autódromo ou no Chef’s Stage, que reúne barracas de cozinheiros conhecidos, é feito só por meio do aparato.
A confusão girou em torno do destino do crédito não utilizado. Para receber o reembolso, o usuário precisava registrar suas pulseiras no site do festival. Esse processo era imprescindível para reaver o excedente não utilizado durante o evento.
Para fazê-lo, o cliente é obrigado a pagar uma taxa de R$ 5 referente a “despesas administrativas”. Segundo a especialista em direitos do consumidor Maria Inês Dolci, a taxa é indevida, pois não especifica os custos que a empresa terá para fazer os depósitos e, portanto, pode configurar valor arbitrário.
Para Dolci, o cliente também presta um serviço ao festival “depositando antecipadamente para cobrir os gastos”. “As regras precisam estar claras, e os custos da empresa detalhados para poder cobrar do cliente.”
Procurada pela Folha a fim de esclarecer o motivo da taxa, a Ticket 4 Fun, responsável pelo evento, preferiu não se manifestar.
A jornalista paulistana Raphaela Ramos, 25, comprou primeiro a pulseira de domingo, na qual depositou antecipadamente R$ 50.
Como de última hora decidiu ir também aos shows do sábado, precisou carregar também a nova pulseira com mais crédito. “Fiz a conta e coloquei só o que ia realmente gastar”, disse ela, que desconhecia a possibilidade de atrelar as duas pulseiras ao mesmo saldo.
Ramos estava acompanhada do cinegrafista Caio Rodrigues, 28, que mora no Rio. “Pesquisamos tudo antes, mas não conseguimos achar os preços das comidas no site”, disse ele.
Ambos consideram a taxa de reembolso um abuso. “É agir de má-fé, ter que pagar para ter o meu dinheiro de volta”; diz Ramos. “Imagina o quanto eles não vão lucrar com a cada R$ 2 ou 3 que sobrarem de cada um”, diz Rodrigues.