Hoje, a sociedade brasileira vive nova polêmica por conta de proposta enviada pelo Governo à Agência Nacional de Saúde (ANS) para regular a oferta de planos de saúde populares, com cobertura restrita e a preço mais baixo. Enquanto isso, um sistema alternativo acessível fortalece a relação médico-paciente: o Sistema Nacional de Atendimento Médico (Sinam), que vem se consolidando e crescendo, ao chegar aos 21 anos de funcionamento atendendo mais de 1 milhão de pessoas no Paraná.
Os números mostram claramente que os planos de saúde já não representam o que grande parte da sociedade precisa ou pode pagar. Em 2016, 1,4 milhão de beneficiários deixaram de ser clientes desta modalidade, segundo a ANS. Por outro lado, o Sistema Único de Saúde (SUS) não conta com estrutura para atender a elevada demanda, reforçada por este contingente. Um levantamento feito pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) no final de 2015, mostra queda de mais de 23 mil leitos de internação da rede pública nos últimos cinco anos.
Já os números do Sinam apontam crescimento. O sistema tem atraído usuários ao permitir que tenham acesso à atendimentos particulares a valores reduzidos e justos, determinados pela tabela da Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM), sem cobrança de mensalidade, apenas taxa de administração anual. No Paraná, somente na cidade de Curitiba, são 700 mil pessoas, contando usuários cadastrados e dependentes.
Certamente, um dos principais fatores que tem atraído estas pessoas para a modalidade é o fato deste atendimento ser particular, no qual o usuário marca a consulta diretamente no consultório médico. Isso possibilita a reaproximação entre médico e paciente, permitindo que ele escolha livremente os profissionais que irão atendê-lo, sem intermediação. Além disso, o sistema possui também parcerias com clínicas odontológicas, fisioterapêuticas, fonoaudiólogas, nutricionais e psicológicas, além de oferecer o benefício Sinam Medicamentos, no qual são pagos valores reduzidos em medicamentos concedidos pelos laboratórios. A diminuição no valor pode variar de 10 a 60%.

Desde quando foi criado em 1996, pelo então presidente da Associação Médica Brasileira (AMB), Antonio Celso Nunes Nassif, e por mim, como diretor científico da AMB, o Sinam avançou muito. Hoje, possuímos sedes em cidades como Araucária, Toledo, Londrina, Foz do Iguaçu, Pato Branco e Campo Mourão. Em 2016, com as associações médicas do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, o sistema está se expandindo e levando novas alternativas à outras cidades da região Sul do Brasil. São mais de 1.400 médicos cadastrados nas localidades onde há unidades.
Portanto, entendo que a discussão de planos de saúde com menor cobertura ao usuário não deve ser levada adiante sem refletirmos sobre uma alternativa acessível que valoriza a relação médico paciente e que permite atendimento de qualidade às pessoas, já disponível hoje. Nossa expectativa é que ao criar esta alternativa de modelo de atendimento estejamos valorizando os médicos, os pacientes e contribuindo para que os brasileiros vivam com mais saúde.

José Fernando Macedo é especialista em angiologia e cirurgia vascular e endovascular no Instituto de Angiologia e Cirurgia Vascular de Curitiba (IACVC) e presidente da Universidade Corporativa e Secretário Geral da Associação Médica do Paraná (AMP). Foi um dos criadores Sistema Nacional de Atendimento Médico (Sinam)