De acordo com a pesquisa do Idec, 53,6% dos participantes já tentaram renegociar uma dívida. Contudo, desse total, apenas 39,2% tiveram sucesso. Os principais motivos de insucesso são: transferência do débito para outra empresa (29,1%); pedido de novo prazo para o pagamento negado (27,3%); e negativa do banco de renegociar dívidas que ainda não estão inadimplentes (24,2%).

O levantamento foi feito entre julho e setembro do ano passado, sobre a experiência dos consumidores em relação à renegociação de dívidas. O levantamento contou com a participação de 1.815 internautas e mapeou os critérios dos bancos para tratar os clientes endividados.

Dos consumidores que tentaram renegociar a dívida, 56,7% consideram que a instituição financeira não avaliou a sua capacidade de pagamento na proposta de acordo. Esse dado é parecido com o resultado de uma enquete realizada no Portal do Idec entre junho e setembro de 2016: dos 556 internautas que participaram, 38% disseram que não conseguiram renegociar uma dívida porque não tinham condições de pagar o acordo proposto pela empresa.

Neste cenário, em vez de solucionar o problema, geram um novo ciclo de inadimplência. Os frequentes acordos firmados com repactuação e alongamento da dívida se apresenta como a única alternativa oferecida pelas instituições para solucionar o problema do endividamento, afirma Ione Amorim, economista do Instituto e responsável pela pesquisa.


Prática e discurso são diferentes

As dificuldades de negociação foram relatadas pesar das instituições afirmarem ter políticas para renegociação e tratamento de dívidas vencidas e vincendas, além de acolherem os endividados e orientá-los sobre educação financeira e uso responsável do crédito.

O discurso dos bancos Santander, Itaú, Caixa Econômica Federal, Bradesco e Banco do Brasil, apontados como os maiores credores pelos participantes da pesquisa, é de que adotam uma postura mais flexível.

Contudo, os resultados da pesquisa foram outros, pois não há evidências de ações efetivas para tratar o endividamento. Todas as respostas foram bastante genéricas e contrastam com a posição dos consumidores entrevistados, afirma a economista Ivone Amorim. Há um estímulo e uma banalização da oferta de crédito pelos bancos, como já mostraram pesquisas anteriores. Contudo, quando esse crédito, em vez de resolver, piora a situação financeira, os consumidores ficam desamparados, completa Amorim.

Com relação às políticas para o combate ao superendividamento dos clientes, todos os bancos disseram que adotam essa prática. Mas o Idec constatou durante a pesquisa que 46% dos consumidores não tiveram nenhum tipo de orientação a respeito.