O programa de reprodução da harpia (Harpia harpyja) de Itaipu conseguiu um feito inédito na última sexta-feira (5): o nascimento do primeiro animal cuja mãe também é nascida em cativeiro. A segunda geração em cativeiro é um caso raro no mundo todo – há registros apenas nos Estados Unidos e no Panamá. Nesta segunda-feira (8), nasceu também outro filhote, este de um casal antigo do Refúgio Biológico Bela Vista (RBV), de Itaipu.

Com os novos filhotes, chega a 31 o número de nascimentos de harpia no RBV, o que faz do Programa de Reprodução da Itaipu da espécie o maior do mundo. O plantel conta hoje com 29 exemplares (seis filhotes nascidos no RBV foram doados a outras instituições).

O próximo passo do programa de Itaipu e das instituições que trabalham com harpia no Brasil é identificar as origens genéticas de cada indivíduo para formar novos pares. Hoje, nós fazemos a reprodução, mas não sabemos de onde vem o animal, diz o médico veterinário Wanderlei de Moraes, explicando que, no Brasil, as harpias são originárias dos biomas Amazônia e Mata Atlântica. O objetivo é fazer os cruzamentos entre animais do mesmo bioma. A partir daí, serão feitas as primeiras tentativas de soltura da ave em ambiente natural.

Ficha técnica

Harpia nascida na sexta-feira (5) – caso inédito

Mãe: ave de 8 anos nascida no RBV de Itaipu, em 11 de agosto de 2009, um dos primeiros nascimentos do programa criado naquele ano.

Pai: ave com mais de 14 anos, resgatada do Arco do Desmatamento, na região do Pará.

Harpia nascida na segunda-feira (8)

Mãe: ave com mais de 17 anos, resgatada do Arco do Desmatamento, na região do Pará.

Pai: ave com mais de 18 anos, encontrada dentro de uma caixa de papelão na Ponte da Amizade.

OBS: o casal é o primeiro do RBV. Ele foi formado em 2005 e teve as primeiras reproduções em 2009. No total, eles já geraram 26 harpias. A idade reprodutiva da ave pode chegar a 35 anos.

Outras aves

Em fevereiro, outras quatro aves nasceram no RBV. Dois filhotes do casal antigo e outros dois de um casal que veio do Espírito Santo, em agosto de 2013. O casal capixaba chegou da Organização Não Governamental AMAR (Ave da Mata Atlântica Reabilitada) já em idade reprodutiva. Esta foi a primeira reprodução das harpias do ES.

Sobre a harpia

A harpia é um dos maiores, o mais pesado e o mais forte gavião do mundo. Adulto, pode alcançar dez quilos e dois metros e meio de envergadura. O talão, como é chamada a unha da ave, mede até 9 centímetros, equivalente à unha de um urso pardo.

A espécie habitava uma ampla região que ia do Sul do México ao norte da Argentina, compreendendo todo o atual território brasileiro. No entanto, o desaparecimento das florestas fez reduzir a população dessas aves – que precisam de áreas de mata contínua para sobreviver.

Hoje, no Brasil, a harpia só é encontrada em abundância na região do bioma amazônico, além de poucos registros no que restou da Mata Atlântica. Há poucos registros no Paraná, estado que tem a ave como símbolo.