GUSTAVO URIBE
BRASÍLIA, SP (FOLHAPRESS) – Com o receio de que se intensifique o clima de animosidade popular contra o governo peemedebista, o presidente Michel Temer convocou reunião para avaliar o impacto das manifestações de quarta-feira (24) e a redução do prazo para atuação das Forças Armadas nas ruas do Distrito Federal.
Em meio a episódios de violência e depredação, o peemedebista publicou decreto que permite aos efetivos militares atuarem com poder de polícia até a próxima quarta-feira (31), o que criou uma crise com a Câmara dos Deputados.
A tendência discutida no Palácio do Planalto é de que o prazo seja encurtado, possivelmente até o final desta semana. O objetivo é evitar novas críticas à medida e, ao mesmo tempo, não deslegitimar a decisão governamental.
Antes de tomar a decisão, o presidente foi alertado por auxiliares e assessores do desgaste que a presença das Forças Armada poderia causar à sua imagem, já prejudicada pelas delações da JBS.
Ele, no entanto, decidiu seguir adiante por entender que a escalada da violência geraria um dano ainda maior. Na própria quarta-feira (24), o peemedebista disse que poderia revogar o decreto se a situação voltasse ao normal.
Pelo decreto, publicado em edição extra do “Diário Oficial da União”, as Forças Armadas atuarão pela GLO (Garantia da Lei e da Ordem). O dispositivo autoriza que os militares atuem com poder de polícia quando há o esgotamento das forças de segurança pública ou no caso de situações de perturbação.
“O presidente decretou, repito por solicitação do presidente da Câmara dos Deputados, uma ação de Garantia da Lei e da Ordem”, disse o ministro da Defesa, Raul Jungmann.
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), no entanto, negou que tenha pedido o emprego das Forças Armadas. Segundo ele, solicitou que a Força Nacional garantisse a segurança nas adjacências do Congresso Nacional e pediu uma retratação do ministro da Defesa.
Em reação, o governo peemedebista confirmou que Maia pediu o emprego da Força Nacional. Segundo ele, contudo, o efetivo disponível em Brasília já havia sido utilizado para proteger o entorno do Palácio do Planalto.
Por isso, e devido ao tamanho da manifestação, o GSI (Gabinete de Segurança Institucional) e o Ministério da Defesa decidiram que as Forças Armadas seriam mais efetivas.
Criada em 2004, a Força Nacional atua na preservação da ordem pública, na incolumidade das pessoas e do patrimônio e em situações de calamidades públicas. Ela é formada por policiais militares e civis e por integrantes na reserva das Forças Armadas.
PÚBLICO
O protesto foi organizado por centrais sindicais e movimentos de esquerda pela saída do presidente, contra as reformas da previdenciária e trabalhista e a favor da convocação de eleições diretas.
Nos bastidores, auxiliares e assessores presidenciais reconhecem que o protesto não foi irrelevante e reuniu público maior do que era esperado. Segundo a Polícia Militar, 25 mil pessoas participaram da manifestação.
A preocupação é de que, a partir de agora, o clima de animosidade popular contra o governo peemedebista se intensifique e novas manifestações com episódios de violência ocorram em todo o país.