SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, disse neste domingo (28) que os países da União Europeia devem se unir e “tomar as rédeas” de seu futuro diante de novos desafios, como a decisão do Reino Unido de abandonar o bloco regional e as divergências com os Estados Unidos sob o governo do presidente Donald Trump. A declaração foi feita em uma feira de cerveja em Munique, um dia depois do término da cúpula do G7, grupo que reúne as sete principais economias desenvolvidas. O encontro, realizado na Sicília (Itália), foi marcado por tensão entre líderes europeus e Trump em relação a temas como política climática e comércio. Alguns dias antes, Trump já havia adotado postura desafiadora durante a inauguração da nova sede da Otan, a aliança militar ocidental, em Bruxelas. Voltou a cobrar aliados a aumentar gastos em defesa e não garantiu se respeitará o compromisso de atender pedidos de apoio militar de membros do bloco. “Os tempos em que nós podíamos contar com os outros acabaram, de alguma forma, conforme pude experienciar nos últimos dias”, disse Merkel. “Então, tudo o que eu posso dizer é que nós, europeus, devemos realmente tomar as rédeas do nosso destino (…) e lutar pelo nosso futuro por conta própria.” “É claro que devemos manter amizade com os Estados Unidos e o Reino Unido e sermos bons vizinhos sempre que possível com outros países, inclusive com a Rússia”, ponderou. Durante o encontro do G7, Merkel e outros líder mundiais pressionaram Trump a manter os Estados Unidos no Acordo de Paris. Assinado em 2015 por 200 países, o tratado é considerado a principal iniciativa global no combate às mudanças climáticas. Após a cúpula, a chanceler afirmou que as discussões sobre o clima foram “controversas” e “insatisfatórias”. Trump, que durante a campanha eleitoral do ano passado classificou o aquecimento global de “farsa” e ameaçou retirar os Estados Unidos do acordo, prometeu tomar em breve uma decisão definitiva sobre o tema. Outro ponto de tensão no encontro do G7 foi quando o presidente americano chamou a Alemanha de “má, muito má” por exportar muitos carros para o mercado americano. Líderes europeus depois tentaram amenizar a declaração, dizendo que Trump havia apenas usado uma “expressão banal em inglês”.