SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O ministro Luís Roberto Barroso, do STF (Supremo Tribunal Federal), afirmou nesta segunda (29) que o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff deixou uma cicatriz na sociedade brasileira, sendo uma contínua fonte de discordância na população. As informações são da Agência Brasil.
As declarações foram dadas durante o seminário internacional “Papel das Supremas Cortes, Legitimidade Democrática e Direitos Fundamentais”, realizado em um dos plenários do STF. Barroso falou sobre a decisão do Supremo de não intervir na abertura do processo de impeachment, acolhida por dois terços dos deputados federais.
Desde o primeiro acolhimento do pedido pelo então presidente da Câmara, Eduardo Cunha, a defesa de Dilma questionou a abertura do processo, tendo como um dos principais argumentos o vício de origem de seu ato inicial, que teria sido motivado por um desejo de vingança política do deputado, hoje cassado e preso pela Operação Lava Jato.
“Esse foi o processo que tivemos aqui e que gerou, como qualquer observador atento perceberá, uma sociedade que guarda essa cicatriz e ainda está dividida em torno desse procedimento”, afirmou. Para Barroso, a decisão do STF de não interromper o impeachment se deu “pela crença de que, em um país dividido politicamente, não caberia a ele (Supremo) fazer escolhas políticas”.
FORO PRIVILEGIADO
Questionado se o momento seria oportuno para o julgamento da ação de sua relatoria, que pode levar à relativização do foro privilegiado no STF, enquanto o Congresso discute uma emenda constitucional com o mesmo tema, Barroso respondeu apenas que “sempre é o momento certo para fazer a coisa certa”, citando uma frase de Martin Luther King, ativista norte-americano que lutou pelos direitos civis da população negra.