TALITA FERNANDES BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O senador Renan Calheiros (PMDB-AL) fez acenos ao governo nesta segunda-feira (29) ao criticar a Lava Jato e elogiar as mudanças feitas na Esplanada dos Ministérios pelo presidente Michel Temer. O gesto foi feito na véspera de a bancada do PMDB decidir sobre a permanência de Renan na liderança do partido. Diante das críticas que o alagoano vem fazendo ao Palácio do Planalto, o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), ameaça tirá-lo do posto.

O senador defendeu a troca de Osmar Serraglio, a quem vinha desferindo críticas, por Torquato Jardim, no Ministério da Justiça. Segundo ele, o Palácio escolheu um auxiliar “digno do nome que pode exercer, neste momento difícil, o papel de interlocução na vida nacional”, disse. “Um ministro que cobre dos poderes que eles sejam leais à Constituição Federal”, acrescentou. Renan fez ainda duras críticas à Operação Lava Jato e, especialmente, à colaboração firmada pelos irmãos Batista com o Ministério Público Federal. Joesley Batista, um dos donos do grupo J&F, gravou diálogo com Temer e acusa o presidente de ter tentado “comprar” o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O senador disse que os acordos de delação que vêm sendo fechados não estão de acordo com a legislação que trata do tema. “Essas não são as delações que a o legislador queria”, e defendeu ainda mudanças, afirmando que “excessos precisam ser corrigidos”.

REFORMA TRABALHISTA

Embora venha fazendo críticas à reforma da CLT, o líder do PMDB descartou que possa alterar os integrantes do PMDB na CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) a fim de impor uma derrota ao governo. Em meio à crise política, o Palácio do Planalto quer dar continuidade à tramitação da reforma trabalhista no Senado para dar impressão de “normalidade”. Para isso, a intenção é aprovar nesta terça (30) o relatório do projeto na CAE.

Na semana passada, Renan se opôs à leitura do texto na Comissão e ameaçou, nos bastidores, modificar a composição do PMDB no colegiado. Com isso, o partido teria uma postura oposta ao que deseja o governo. “Foi 3×2 na CAE, é reflexo do que a bancada pensa”, disse Renan, em referência à maioria de votos que o governo tem na Comissão. “Isso [integrantes] reflete proporcionalmente o que pensa a bancada. Na medida que você substitua para um lado ou para o outro, você está desfazendo a proporção da bancada”, disse. Sobre uma possível destituição do cargo de líder do PMDB no Senado, Renan desconversou. “Nessa altura da minha vida, o que eu posso temer?”