RENATO FONTES
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Há dois anos, o estudante universitário Murilo Gago Secchiero, 22, costumava reunir, semanalmente, os amigos para um churrasco em sua casa. Entretanto, o hábito teve de ser mudado há algum tempo, com a crise e a alta no preço das carnes.
“O preço subiu tanto que diminuí a quantidade de churrascos. Hoje, planejamos um evento a cada dois meses”, diz o jovem, que cobra de R$ 30 a R$ 40 por pessoa.
Segundo estudo do IEA (Instituto de Economia Agrícola), feito no mês passado na capital paulista, o quilo da carne bovina subiu 2,52%, e o do frango, 5,10%. A alta é reflexo da volta da cobrança de 11% de ICMS sobre as carnes. O imposto estadual foi retomado em abril pelo governo de São Paulo, após ficar sete anos zerado.
Fã de picanha, Secchiero diz que a carne era unanimidade entre os amigos, mas ficou para segundo plano.
“Como o preço da peça da picanha está alto, acabo comprando carnes mais baratas e não tão nobres, como maminha e fraldinha. Tenho consumido até mesmo contrafilé para o churrasco não sair tão caro. Não tenho tido sorte de pegar promoções”, disse.
Apaixonada por churrasco, a dona de casa Nice Bárbara, 55, de São Bernardo do Campo, também servia picanha aos sábados, quando costuma juntar a família para o almoço, mas está optando por espetinhos.
Em geral, os churrascos de Nice reúnem mais de 20 membros da família, além dos amigos. Para manter a tradição, divide custos com os convidados. “Cada membro da família traz alguma coisa, assim não fica caro para ninguém.”
Para incrementar o churrasco, caso perceba que irá faltar carne, a dona de casa tem truques. “Faço bastante salada e preparo abacaxi assado com canela e açúcar. Fica uma delícia.”