GUSTAVO URIBE E DANIEL CARVALHO BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O presidente Michel Temer decidiu indicar a subprocuradora-geral Raquel Dodge, 55, para substituir o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, cujo mandato termina em setembro. A escolha foi feita nesta quarta (28), mesmo dia em que o peemedebista recebeu a lista tríplice para o cargo promovida pela ANPR (Associação Nacional dos Procuradores da República).

O nome será enviado ao Congresso, precisando ainda ser sabatinado pelo Senado. Se for aprovada pelos senadores, Dodge será a primeira mulher a comandar a Procuradoria-Geral da República.

Dodge foi a segunda colocada na eleição da categoria. Em primeiro ficou Nicolao Dino, aliado de Janot e que defendeu no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) a cassação da chapa Dilma-Temer. O terceiro foi Mario Bonsaglia.

Ao escolher Dodge, Temer quebra uma tradição iniciada em 2003, no governo Lula, de escolher o primeiro colocado da lista tríplice. Antes do anúncio oficial, Temer se reuniu com a subprocuradora no gabinete presidencial para informá-la da escolha. O ministro Torquato Jardim (Justiça) também participou do encontro.

A rapidez na indicação teve como objetivo evitar a pressão da categoria para que o presidente escolhesse o primeiro da lista. Além disso, em uma disputa aberta com o atual procurador-geral, o peemedebista quis qualificar uma voz dissonante a Janot, que o acusou de corrupção nesta semana ao Supremo Tribunal Federal. Dodge faz oposição à atuação de Janot à frente do Ministério Público Federal.

O presidente quis ainda evitar que o nome da subprocuradora ficasse por muito tempo exposto a ataques de aliados do procurador-geral, o que poderia desgastar a sua imagem para o cargo. Nas últimas semanas, o nome de Dodge foi vinculado nos bastidores a caciques do PMDB, entre eles Renan Calheiros (AL) e José Sarney (AP).

Ao se manifestar sobre o tema, ela sempre negou as ligações. Em recente declaração à Folha de S.Paulo, disse assegurar “compromisso de integral e plena continuidade do trabalho contra a corrupção da Lava Jato, Greenfield, Zelotes e todos os demais processos em curso, sem recuar, nem titubear”.

A subprocuradora participou de debate promovido pela Folha na sexta (23) passada em Brasília entre cinco dos oito candidatos à sucessão de Janot. No encontro, defendeu que Temer escolhesse alguém da lista a ser enviada pela ANPR. “É uma ferramenta que evita uma escolha predominantemente político-partidária e é um instrumento para frear esse tipo de ingerência em atividade que é de Estado, e não de governo.”