Preciso escrever. Levanto, escolho uma caneca, ponho o adoçante e o café. Preciso aprender a gostar do café puro, sem açúcar nem adoçante. Volto pra mesa, ligo o computador. Enquanto ele vai ligando, vou até a janela, abro a cortina. De volta à mesa, analiso a luminosidade. Fecho novamente a janela. Decido pegar uns livros, para o caso de precisar fazer alguma referência. Nem precisa, posso pesquisar tudo na internet.
Computador ligado. Antes de encarar o texto, uma rápida olhadinha nas redes sociais. Aí me distraio um pouco e começo a olhar o relógio, imaginando que dali a 12 minutos, na próxima hora redonda, eu largo tudo e vou escrever. É a tal da procrastinação, que me faz (a mim e a quase todos nós) ritualizar mil ações antes de fazer o que precisa ser feito.
Ora , bolas. Por que procrastinamos, se isso nos faz mal? Aumenta a sensação de culpa e traz a impressão de que não conseguimos fazer o que é necessário. Por fim, tento a dica dos coachs e apelo para a meta forçada: proponho-me a fazer o que estou adiando.
Procrastinar é o ato de postergar, adiar a execução de uma tarefa importante. Procurando pelo assunto na internet, o mais comum é ver os especialistas dando dicas como não procrastine, faça uma lista de atividades e estabeleça prioridades, comece pelo mais difícil ou então comece pelo mais fácil. Mas ninguém me explica por que isso acontece ou como me livrar dessa sensação angustiante.
O que me consola é que também li na internet que quase todo mundo procrastina, nem que seja um pouquinho. Mas tem aquelas pessoas que são tão organizadas, tão meticulosas, que simplesmente não conseguem procrastinar. Essas me causam um pouco de inveja, mas só um pouco.
Um artigo de Rodrigo Capelo, publicado no G1 (http://gq.globo.com/Corpo/Saude/noticia/2014/10/5-motivos-por-que-procrastinamos.html), aponta os cinco principais motivos que levam as pessoas a se enrolar na hora de fazer alguma coisa importante. E esses motivos são a complacência, o estresse, o desconforto, o medo e a ilusão de ação. Bingo! Descobri meu motivo e o mea culpa alivia um pouco o peso de tudo isso: ilusão de ação! Já tenho em quem por a culpa! Quando estou muito ocupada (ou me iludo, criando mil coisas pra fazer), parece que é menos pecado procrastinar… Mas, não adianta, uma hora a gente tem que encarar! E sempre vem a promessa de que na próxima vez não vai ser assim. Torçamos.

 

 

 

 Adriane Werner. Jornalista, especialista em Planejamento e Qualidade em Comunicação e Mestre em Administração. Ministra treinamentos em comunicação com temas ligados a Oratória, Media Training (Relacionamento com a Imprensa) e Etiqueta Corporativa.