O gigante acordou foi o mote das manifestações de junho de 2013. Ao que tudo indica, contudo, o gigante já voltou a dormir. É que as manifestações contra a corrupção, tão comuns à época do impeachment da presidente Dilma Rousseff, minguaram, e curiosamente num momento inédito da história brasileira, em que o país tem um presidente da República denunciado por corrupção.

Na tentativa de arrancar a população da inércia, um grupo de caminhoneiros realizou, ontem, um ato de apoio à Operação Lava Jato, à Polícia Federal (PF), à Polícia Rodoviária Federal (PRF) e ao Ministério Público Federal (MPF). Um total de 103 caminhões (apenas o cavalo) participaram do evento, que saiu do Auto Posto Maru, no km 76 da BR-277, sentido praias, e seguiram até a sede da Polícia Rodoviária Federal (PRF), na Linha Verde.

Wanderlei Loureiro Alves, coordenador regional da União de Cidadania e Combate à Corrupção, que encabeçou a mobilização, explica que a intenção do ato era acordar a população para que apoie a Lava Jato num momento decisivo. Brasília, mais do que nunca, está em polvorosa diante do avanço das investigações. Por outro lado, cortes de gastos ameaçam comprometer o futuro da operação — a força-tarefa da PF responsável pelas investigações foi extinta na última semana, por exemplo.

O que motivou esse ato foi que depois que começaram as denúncias contra o presidente Temer, os movimentos sociais que fizeram atos contra o governo Dilma começaram a blindar o governo e a atacar a Lava Jato, a denigrir a operação. E eu, como sou brasileiro, não tenho partido, resolvi fazer esse ato para ver se a população acorda e se levanta para apoiar a PF e o MPF, afirma Alves.

 

Protestos devem chegar a outros estados

Além de Curitiba, outros dois municípios brasileiros também receberam o ato: São José dos Campos (SP) e Catalão (GO). Nas próximas semanas outros três estados deverão receber o ato, porém as cidades e as datas ainda não foram definidas. Mas estamos em ato de apoio à Lava Jato a partir de hoje. Sempre que eles (PF e MPF) precisarem, podem nos chamar que vamos mobilizar os caminhoneiros e fazer o ato, diz o coordenador regional da UDCC.
A manifestação foi organizada pela União de Defesa de Cidadania e Combate à Corrupção (UDCCC) com os caminhoneiros. Participaram ainda representantes da FENAPRF, SINDPRF/PR, FENAPEF, SINPEF/PR e Sindipol/DF.
Trânsito — Por conta do Ato de Apoio à Polícia Federal, à Polícia Rodoviária Federal e ao Ministério Público Federal, o trânsito na Linha Verde, especialmente na região do Trevo do Atuba, acabou sendo travado. Diferente do que costuma acontecer em situações assim, contudo, a população teria sido compreensiva. Eu acompanhei todo o ato e a população, pessoal com carro de passeio, tudo, o apoio foi total. Não tivemos nenhum problema, conta Wanderlei Alves, responsável pela mobilização.