Depois que os filhos pequenos crescem, os netos ficam mais inteligentes e sábios, quando já não dá mais para usar o bonezinho estilo Trump, mas com orelhões do Mickey, e ainda ficar feliz por estar vivendo uma fantasia infantil e até imbecilizante, é preciso conhecer novos horizontes e abrir a mente para outras verdades.

Os brasileiros que costumam viajar, por várias razões, estão procurando destinos que só agora começam a virar moda. Como tudo aquilo que a gente não conhece, sempre há o risco dos preconceitos e estereótipos. Daí a necessidade de se informar. Marrocos, Tunísia, a antiga Pérsia – Irã —, entraram como destinos eleitos nas principais operadoras que organizam viagens para o turista brasileiro. Mesmo as chamadas low cost, provando que dá para realizar viagens de experiências, história e muita arte, pagando tarifas que equivalem a hotéis e pacotes turísticos dentro do Brasil, Miami ou Disney. Há roteiros especiais também nas operadoras mais sofisticadas, nas viagens conhecidas como Slow Travel, mais tranquilas, com mais tempos para apreciar cada destino milenar. O sudeste da Ásia, por exemplo, concentra beleza natural e charme místico. Enquanto muitas cidades asiáticas se tornaram destinos turísticos desde os tempos de Joseph Conrad e W. Somerset Maugham, outros locais remarcáveis do continente tão variado na sua originalidade, ainda esperam pela sua descoberta. Muitos países, principalmente aqueles da antiga Indochina, só há pouco tempo abriram espaço para visitantes estrangeiros e agora revelam tesouros escondidos. Mistério e exotismo combinam muito bem com o luxo e conforto de alguns hotéis, permitindo mergulhar na alma de um mundo diferente, negado para a maioria dos viajantes, sem no entanto sacrificar o conforto.

 


Areias e ventos do deserto. É bom conhecer, antes de viajar.

 

POR ONDE SOPRAM OS VENTOS

Se você está planejando uma viagem ao Marrocos, saiba que no Sul do país sopra o aajej, que os fellahin dizem que dá para cortar com faca, de tão espesso e forte. O áfrico algumas vezes consegue chegar até Roma, na Itália. O alm é vento de outono da Yugoslavia. O arifi, também chamado de aref ou rifi, se faz entender em vários idiomas. E são muitos os ventos permanentes, sempre presentes. Há outros muito menos constantes, que mudam de direção e podem atingir um cavalo e seu dono, fazendo com que percam orientação e retomem caminho de volta, sem chegar ao destino. O bist roz surge no Afeganistão e dura 170 dias, enterrando cidades na areia.

E o seco ghibli, da Tunísia, é muito quente e dura bastante em lufadas barulhentas, que enlouquecem as pessoas. O haboob é uma tempestade de areia do Sudão, que colore de amarelo tudo o que é tocado pela poeira dourada com centenas de metros de altura, sempre seguido de chuvas fortes. O harmattan sopra com força e algumas vezes se afoga no Atlântico. Imbat é uma brisa no Norte da África. Alguns ventos apenas navegam nos céus. Depois se transformam em tempestades de areia noturnas, que chegam com o frio.

O khamsin, poeira e areia no Egito, acontece de março a maio, chamado assim por causa da palavra árabe que significa cinquenta, porque sopra sem parar durante cinquenta dias e é vento considerado a quinta praga do Egito. O datoo sai de Gibraltar, carregando perfumes. Há também o secreto vento do deserto, cujo nome foi apagado por um rei, depois que seu filho morreu por causa dele.

O nafthat assola a Arabia. O beshabar, vento negro e seco, parte do Cáucaso. O Samiel é da Turquia, conhecido como venenoso. Também são considerados venenosos o simoom, do Norte da África, e o solano, cuja poeira cai em forma de pétalas.Alguns ventos são bem particulares e conseguem arrancar postes telefônicos, arrastar grandes pedras e decapitar estátuas que encontram pelo caminho. O harmattan sopra através do deserto do Sahara, cobrindo tudo com poeira vermelha com chamas ou sangue, entrando e coagulando riachos. Marinheiros chamam o vento vermelho de mar da escuridão.

As areias vermelhas originárias do Sahara vão se depositar em lugares ao Norte tão distantes quanto Cornwall e Devon, produzindo chuvas de lama como sangue, como as que foram vistas em Portugal e Espanha em 1901.

As tempestades de areia surgem em três formas: o redemoinho, a coluna e o lençol. No redemoinho o horizonte fica perdido. Na coluna, tudo em torno fica em meio pelo Ginns dansantes. O lençol, cor de cobre, faz a Natureza ficar como dentro de um incêndio.

Para saber mais, consulte na Royal Geographical Society (Inglaterra) os escritos de Hassanein Bey no Geografical Journals, o artigo Trough Kufra to Darfur (1924), descrevendo tempestades de areia. Ou leia The English Patient, de Michael Ondaatje e assista o filme de mesmo nome, um cult para quem gosta de cinema.


Aquário é sempre atração. Um dos mais famosos é do shopping em Dubai, mas a Suíça inaugura agora em Lausanne o maior aquário de água doce da Europa

 

AQUATIS, O MAIOR AQUÁRIO DE ÁGUA DOCE

Lausanne vai inaugurar o maior aquário de água doce da Europa — o Aquatis – no final deste verão do hemisfério norte. Será para o turista um mergulho nas águas de cinco continentes do Aquatis Aquarium – Vivarium, que receberá visitantes em Lausanne-Vennes. O espaço, já considerado o maior aquário de água doce europeu, vai ocupar uma superfície total de 3.500 metros quadrados, com 50 aquários e terrários abrigando mais de 10 mil peixes e repteis. Graças às técnicas digitais inovadoras, será possível descobrir animais vivendo em seus cenários de origem em uma imersão interativa. Fauna e flora aquáticas de cinco continentes serão apresentadas em dois níveis.No primeiro andar o visitante viajará ao longo do Rhône, no tempo e no espaço, desde sua origem glacial até a embocadura no Mediterrâneo. O segundo andar percorre os outros continentes, com os grandes lagos da África povoados de crocodilos e de peixes coloridos como os das águas amazônicas, onde nadam as piranhas, sem esquecer o Mississipi e seus peixes-espátulas. A viagem também segue pelos pântanos, alagados e plantações de arroz da Ásia, chegando até a Oceania, através do Pioneer River australiano que se derrama na Grande Barreira de Coral.

Aquatis não foi idealizado como um museu, mas deverá funcionar como um centro cultural, destinado ao lazer, ampliando as trocas entre o público e os cientistas. Outro aspecto importante é o alerta aos problemas ligados à água e ao meio ambiente. Um cuidado especial foi dado ao próprio edifício, concebido para funcionar da maneira mais eficiente possível. Serão recuperadas as águas da chuva e os sistemas de aquecimento e refrigeração terão alimentação durável. Tudo estará integrado ao que há de melhor para o meio ambiente. A fachada será coberta por 100.000 discos de alumínio, refletindo as cores do céu. De maneira mais romântica, será possível também ver ondas ou até as escamas de um peixe. Aquatis está sendo instalado junto de uma auto estrada, próximo de uma estação de metro M2 e distante apenas uma hora do aeroporto de Genebra-Cointrin. O centro tem um estacionamento para 1.200 vagas, inaugurado em 2010 e um hotel três estrelas de 143 quartos, sala de conferências, que foi inaugurado em 2015. A idéia é de receber mil visitantes ao dia, e Aquatis já está programado como uma das principais atrações da região, junto com o Museu Olímpico e o Mundo de Chaplin. A Suíça está em constante renovação. Aproveite as novidades.