O número de brasileiros diagnosticados com diabetes cresceu 61,8%, nos últimos dez anos, passando de 5,5% da população em 2006 para 8,9% em 2016. Os dados são da pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), divulgada pelo Ministério da Saúde. O estudo revela ainda que as mulheres registram mais diagnósticos da doença – o grupo passou de 6,3% para 9,9% no período, contra índices de 4,6% e 7,8% registrados entre os homens.

Dados do Atlas 2015 da Federação Internacional de Diabetes apontam que mais de 14 milhões de brasileiros adultos são diabéticos. A publicação estima que, em 2040, esse número chegue a 23 milhões.

O endocrinologista da Unimed Laboratório, Mauro Scharf, explica que a diabetes Mellitus, popularmente conhecida por diabetes, é uma enfermidade decorrente da falta de insulina e/ou da incapacidade de esse hormônio exercer adequadamente sua função. Produzida pelo pâncreas, a insulina é fundamental na formação da glicose, principal fonte de energia do organismo. A sua diminuição ou falta causa a elevação da glicose no sangue (hiperglicemia), que caracteriza o diabetes.

Existe um grupo de fatores de risco, como hipertensão arterial, colesterol alto e o acúmulo de gordura abdominal, que atua em conjunto aumentando o risco de várias doenças, entre elas a diabetes tipo 2. As pesquisas apontam que as mulheres estão mais sedentárias, o que eleva o risco de desenvolver a doença. Manter uma alimentação saudável e praticar atividades físicas regulares são os desafios para se manter longe da diabetes, orienta Scharf.

Existem dois tipos de diabetes. O tipo 1, na maioria das vezes, acomete jovens e é causado pela parada na produção da insulina, causada por uma reação autoimune do organismo, que destrói as células B (beta) do pâncreas.
Já o tipo 2, responsável por 90% de todos os casos registrados da doença, é mais frequente em adultos, muito deles obesos. Nesse caso, o organismo pode produzir alguma quantidade de insulina, mas ela não consegue agir adequadamente para transformar a glicose em energia, geralmente devido ao aumento da resistência periférica à ação do hormônio, ou a soma da falta de insulina com a resistência periférica do corpo.


Tipo 2 é a variação mais comum

O diabetes tipo 2 é bem mais comum, pois é o resultado dos fatores genéticos e ambientais, combina o histórico familiar positivo do paciente para a doença com os costumes como inatividade física e alimentação rica em calorias e gorduras. Também há casos de mulheres que desenvolvem a doença durante a gravidez. A gestante com diabetes e a mulher que desenvolve o diabetes gestacional, apresentam uma gravidez de maior risco, para a mãe e para o bebê. Por isso, nesses casos, é necessário um acompanhamento especial.

Pesquisa realizada por um grupo de professores da Oregon State University e da Bellarmine University, dos Estados Unidos, analisou mais de mil homens e mulheres. Além de confirmar a relação entre a prática regular de exercícios físicos e um menor risco da doença, a pesquisa descobriu que as mulheres são mais propensas do que os homens e que são mais sedentárias que eles.
O endocrinologista da Unimed Laboratório, Mauro Scharf, faz um alerta: As mulheres precisam redobrar os cuidados, pois o diabetes costuma impactar mais negativamente no público feminino. De acordo com o estudo, o risco de um paciente diabético desenvolver uma doença coronariana, por exemplo, é 44% maior se ele for do sexo feminino. A doença coronária se caracteriza quando o transporte do sangue ao músculo cardíaco é bloqueado parcial ou completamente, devido ao acúmulo de gordura nas paredes das artérias.


Problemas de gestantes diabéticas

1 Todas as malformações que acontecem nos filhos de mães com diabetes afetam órgãos que se formam nas oito primeiras semanas de vida intrauterina.
2 Caso a mãe engravide sem uma programação, não há motivo para pânico. A melhor saída, em todos os casos, é ter confiança, procurar um médico imediatamente e seguir à risca todo o tratamento.
3 Bebês nascidos de mães com diabetes podem apresentar um maior risco de desconforto respiratório, macrossomia, policitemia com hiperviscosidade, hipoglicemia, malformações congênitas, hipocalcemia e hipomagnesemia, mas o controle glicêmico adequado durante a gravidez evita estes tipos de complicação.
4 É preciso ter pensamento positivo sempre. O apoio da família, e em determinados casos, de um psicólogo são importantíssimos nesta fase.
5 Até o presente momento, não há estudos que comprovem a segurança de antidiabéticos orais, por isso, não são recomendados para realizar o controle de glicemia das gestantes.
6 Mulheres diabéticas que usam medicação oral não devem interromper o seu uso até a consulta médica, que deve ser providenciada o mais breve possível
7 Independente de o parto ser normal ou cesáreo, a mãe tem que ter uma assistência médica constante, pois a necessidade de insulina diminui após o nascimento do bebê, podendo provocar uma hipoglicemia na mãe.
8 A mulher deve ainda ser incentivada a realizar atividades físicas com exercícios próprios para gestantes, como hidroginástica, caminhadas e aulas de alongamento e relaxamento corporal, porém, sempre respeitando seus limites.
9 É importantíssimo cuidar da alimentação, praticar exercícios e realizar os exames recomendados, como fundo de olho e microalbuminúria a cada trimestre da gestação, de acordo com a indicação médica.
10 Na hora de escolher entre o parto normal ou a cesárea, a decisão é da paciente, que pode tirar dúvidas com o médico obstetra. A escolha do tipo de parto vai depender bastante do estado de saúde da mãe e do controle do diabetes.