Há quem diga que a realidade imita a ficção. Outros insistem que é a ficção que imita a realidade. Se na televisão o clássico desenho animado Tom e Jerry roubava risadas do público diante das tentativas frustadas do gato de capturar o engenhoso rato e o caos e destruição que se seguia, na vida real (e no tocante à segurança pública) a trama se desenha de forma um tanto mais trágica e onerosa.

De um lado, as polícias (Militar e Civil, principalmente), com a função de proteger a sociedade e garantir o cumprimento da lei. Do outro, os criminosos, constantemente se reinventando em busca de melhores oportunidades, visando setores em que consigam dinheiro de forma mais fácil e segura (por segura entenda-se sem o risco de ser preso ou morto).

(Essa sazonalidade do crime) É o que vemos na prática. A criminalidade migra de uma situação que endureceu, recebeu reforço na prevenção e na investigação, para outras mais tranquilas, que possam dar lucro alto e não tenha tanta possibilidade de ser pego. É uma briga de gato e rato, afirma o delegado Emmanoel David, da Delegacia de Furtos e Roubos (DFR) de Curitiba.

Como exemplo, o delegado da Polícia Civil cita um caso de migração do crime registrado entre o final do ano passado e o começo deste ano. Entre outubro e dezembro de 2016, segundo ele, Curitiba registrou um grande aumento nas ocorrências de furto e roubo contra farmácias. Por conta da situação, as polícias Civil e Militar uniram esforços para atuar conjuntamente para tentar remedias a situação.

Começamos a tomar ações efetivas e houve uma diminuição drástica nos ataques às farmácias. Depois, no começo do ano, teve um incremento nos roubos à shoppings e mercados. Então há uma migração do crime pelo fator de escapar da vigilãncia policial. Tal qual organizações privadas, essas pessoas procuram oportunidades e vão buscar onde é mais fácil de conseguir o intento, comenta.

Nos últimos dias, os alvos passaram a ser os hotéis de Curitiba. Foram cinco assaltos em 20 dias, no Centro e no bairro Batel. A tática é a mesma: alguém pede hospedagem na recepção, anuncia o assalto e rouba o dinheiro que está no caixa. No dia 6 deste mês, homens armados roubaram dois hotéis no bairro Batel, na Avenida Batel e na Rua Dom Pedro II.
Um dia antes, no dia 5, a Delegacia de Furtos e Roubos (DFR) de Curitiba divulgou imagens de um suspeito de assaltar um hotel na Rua Comendador Araújo. A DFR também divulgou um vídeo, captado por câmeras de segurança, que mostra um suspeito de cometer dois assaltos em seguida, nos dias 27 e 28 de agosto, a dois hotéis no Centro da cidade. O assaltante foi flagrado pelas câmeras de um dos estabelecimentos.
Segundo a DFR, os inquéritos policiais já foram instaurados e as investigações estão em fase avançada. Quem tiver mais informações que possam levar a identificação dos suspeitos deve entrar em contato com a DFR pelo telefone (41) 3218-6100 ou via WhatsApp (41) 9 9955-0033. O sigilo é absoluto.

Grupo de elite Tigre não registra sequestros desde 2016
Além dos crimes contra bancos, os casos de sequestro também registram uma temporada tranquila no Paraná. De acordo com dados do Tátio Integrado de Grupos de Repressão Especial (Tigre), especializado no atendimento de ocorrências que envolvem reféns e extorsão mediante sequestro, desde 2016 não há registros de sequestros no Paraná. 
Além disso, o grupo de elite atuou em nove situações de extorsão até agosto deste ano, sendo seis em 2016 e três neste ano.
Isso na verdade é sazonal. Temos uma temporada em que graças a Deus não temos encontrado sequestro, afirma o delegado Luis Fernando Viana Artigas, revelando ainda que o índice de solução de sequestros é de 100% no Paraná, o que desencoraja os criminosos a tentarem esse tipo de crime. 
É um crime de alto risco, não têm garantia nenhuma que dê certo e a pena prevista é muito grande.
Ainda segundo ele, em situações assim, em que há o sumiço de alguém e pedidos de resgate, o recomendado é que o Tigre seja informado imediatamente sobre a situação.

Quadrilha que fez dez assaltos a residências em um mês é presa
Cinco homens, com idade entre 22 e 37 anos, suspeitos de integrar uma associação criminosa especializada em furtos e roubos a residências, foram presos na última semana durante uma operação realizada pela Delegacia de Furtos e Roubos (DFR) da Capital. As prisões aconteceram nos bairros Sítio Cercado, Pinheirinho e Ganchinho. Diversos objetos provenientes dos crimes, entre eletrônicos e eletrodomésticos, bem como um revólver de calibre 38 e munições de calibres variados foram apree ndidos na ação.
Durante a operação, a equipe também cumpriu 11 mandados de busca e apreensão em diversas residências de pessoas que, supostamente, estavam envolvidas com as práticas criminosas dos suspeitos. Os mandados foram cumpridos nos mesmos bairros em que aconteceram as prisões. 
Quatro dos cinco suspeitos foram presos em flagrante no dia 5 de setembro, momentos após terem invadido dois apartamentos, situados no bairro Mercês. Segundo informações policiais, o grupo teria cometido, ao menos, dez furtos em menos de 30 dias, em diversas regiões da Capital.

Ataques contra bancos em baixa, roubo de cargas em alta
Ainda segundo o delegado Emmanoel David, dentro da alçada da DFR é difícil identificar qual o próximo nicho na mira dos criminosos. Contudo, dados de outras delegacias, da Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp) e do Sindicato dos Vigilantes de Curitiba e Região (Sindivigilantes) ajudam a se ter uma noção de quais tem sido as principaissaídas para os bandidos – e também quais os crimes que estão em baixa.
Os ataques contra bancos, por exemplo, registraram forte queda neste ano. Segundo o Sindivigilantes, entre janeiro e 8 de agosto deste ano foram registradas 100 ocorrências no Paraná, sendo 26 arrombamentos, 27 assaltos, 45 explosões de caixas eletrônicos e 2 saidinhas. No ano passado haviam sido 162 ocorrências no período, com 78 explosões de caixas eletrônicos, 62 arrombamentos e 22 assaltos. Isso representa uma redução de 38,3%.
Cargas
Entre os crimes que registraram maior crescimento, um dos destaques no Paraná é, provavelmente, as ocorrências de roubo de cargas. Embora ainda não tenham sido divulgados dados oficiais deste ano, no ano passado a delegacia especializada registrou uma média de três ocorrências por dia entre janeiro e outubro e um crescimento de 12,6% na comparação com o total de 2015.
Embora não tenha dados, Marcos Battistella, presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas no Estado do Paraná (Setcepar), aponta que neste ano houve uma alta bem significativa na comparação com 2016, ao ponto de afirmar que o setor tem acompanhado uma situação inédita. E que ainda pode se agravar.