Foi durante as pesquisas para o trabalho final do curso de Sistemas da Informação, que o empresário paranaense Wellington Moscon se interessou pela tecnologia de Realidade Aumentada. O trabalho foi entregue, mas a curiosidade sobre o uso da tecnologia cresceu e fez com que Wellington criasse a startup que, em poucos meses, é considerada a mais atraente para empresas do Brasil e despertou o interesse de investidores do Vale do Silício, nos Estados Unidos. A GoEpik nasceu em outubro de 2016 e usa uma plataforma de Realidade Aumentada para resolver problemas de manutenção de máquinas das indústrias, e aumentar a produtividade em 300%. Nesta semana, a startup será apresentada em um evento em Paris, promovido pela Agência de Desenvolvimento Francesa, que dá visibilidade para projetos que promovem a economia sustentável, social e ambiental. O evento contará com a presença do presidente francês, Emmanuel Macron.

Mas antes de ultrapassar as fronteiras nacionais, a GoEpik surgiu a partir de uma outra startup do empresário, a Eruga, que utiliza Realidade Virtual em projetos educacionais. A Eruga ganhou força, e acabou por originar a GoEpik, depois de entrar para o programa de aceleração do Centro Internacional de Inovação da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), que funciona como uma incubadora deempresas. O networking que a incubadora trouxe foi muito importante. No caso da GoEpik ainda mais essencial, pois já usávamos a Realidade Aumentada na educação e grandes empresas na indústria começaram a questionar se havia algum projeto para usar a tecnologia nas fábricas. Foi uma demanda que nasceu durante o período da incubadora e gerou uma nova possibilidade, conta.

Segundo ele, a Eruga foi graduada na incubadora e a GoEpik pretende ser acelerada no Sistema Fiep a partir de outubro. Quando começamos a apostar na tecnologia, a expectativa era que em um prazo de dez anos ela já ia fazer parte do dia a dia das pessoas. Em menos de seismeses, com a Eruga na educação, ea GoEpik nas indústrias, há um ano, tudo foi mais rápido, comemora Wellington.

Incubadoras

A participação das incubadoras no dia a dia de novas empresas pode funcionar como um empurrão fundamental para uma boa ideia se tornar rentável e funcional. Um levantamento realizado em 2016 pela Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec) revelou que o Brasil tem 369 incubadoras de empresas. O número contribui para o desenvolvimento de 2.310 empresas incubadas e outras 2.315 negócios já graduados. De acordo com os dados, as empresas incubadas representam um faturamento anual de R$15 bilhões para o país.

No Paraná, que ocupa o segundo lugar em Inovação de acordo com o Ranking de Competitividade dos Estados, o Centro Internacional de Inovação, do Sistema Fiep, contribui no processo de aceleração de empresas,por meio de acesso a mercado, capital e gestão, com mentoria, consultoria, rede de investidores e articulação com potenciais clientes. Para participar, os empresários passam por um processo seletivo que conta com umabanca avaliadora com a presença da equipe do Centro, especialistas na área de atuação da startup e potenciais investidores para a avaliação da da proposta – é necessário que a empresa já esteja constituída; verificação de documentação, conforme estabelecido em edital.

Se aprovada, a empresa fica incubada pelo período de um ano, no qual é acompanhada por uma equipe multidisciplinar. Acada três meses fazemos uma avaliação de indicadores, diagnóstico do negócio, além de articulação com a rede de investidores e consultoria no plano de marketing daquela empresa, detalha o gerente do Centro de Inovação, Filipe Cassapo.

De acordo com o gerente, o tempo de incubação pode ser estendido por mais um ano caso seja necessário, mas o período deve estar claro no plano de negócios. O Centro já possui uma rede de investidores e indústrias que podem ser potenciais alavancadores dos projetos. Temos cases de sucesso, em queempresas incubadas saem com uma carta de clientes invejável depois do período de monitoria do Centro, conta.

Recém-nascida

Uma das mais novas empresas incubadas no Centro de Inovação é a Strike XII. Há pouco mais de um mês, a empresa que cria soluções para a manutenção preventiva nas fábricas, tem grandes planos. Buscamos o apoio de uma incubadora pensando na visibilidade e para estar no radar do mercado. Temos a meta ambiciosa de estarmosposicionadosno Brasil como referência para a indústria 4.0″, explica Emmanuel Scolimoski, um dos sócios da empresa. Segundo o empresário, o período no Centro de Inovação já permitiu receber vários feedbacks importantes e ter uma percepção maior de como chegar ao mercado.

Atualmente, oito empresas estão incubadas no Centro Internacional de Inovação e outras dez já foram graduadas após o período de monitoria e consultoria.

Como tirar uma boa ideia do papel?

A equipe do Centro Internacional de Inovação elencou algumas dicas valiosas para as pessoas que pretendem apostar em uma startup:

1) O seu produto precisa solucionar um problema. Descubra qual é ele e quem será o público (cliente) beneficiado;

2) Vá para as ruas. Conheça o seu público, suas necessidades, seus desejos;

3) Tenha espírito e vontade de empreender. Criar uma empresa não acontece de um dia para o outro. É preciso estratégia, foco e dedicação;

4) Participe de eventos para startups do ecossistema de inovação, conheça o mercado, procure programas de incubadoras e aceleradoras;