Provavelmente ninguém que ouça rádio, leia jornal, acesse Internet ou veja televisão, deixou de se inteirar sobre as catástrofes provocadas pelos tornados, ventos e chuvas típicos da temporada de furacões anuais, que assolam principalmente a região do Caribe e da Flórida (Estados Unidos).

Embora costumeiros, desta vez os problemas começaram mais cedo e estão sendo considerados os piores eventos naturais em um século. Ilhas turísticas foram inteiramente arrasadas, e mesmo se os fenômenos naturais terminassem agora, seriam necessários meses ou anos para recuperação dos edifícios, a limpeza dos dejetos, a restauração de estradas, a volta da energia elétrica, a água novamente utilizável.

Na verdade as ilhas e cidades nunca mais serão as mesmas. E mesmo assim as operadoras brasileiras – e jornais – insistem em promover destinos caribenhos, Miami, Orlando, como se nada tivesse acontecido e o turista fosse recebido no melhor dos mundos.

Um dos dois jornais nacionais de maior circulação e que ainda continuam sendo impressos em papel, publicou na semana passada e nesta também, vários anúncios de pacotes especiais para lugares que já não estão no mapa. Incrível que os responsáveis pelas publicações não tenham se dado conta do absurdo e que as operadoras em questão não tivessem impedido tais divulgações.

No hemisfério norte, com o fim do verão, começa a baixa temporada nos locais mais procurados pelos viajantes e as promoções aparecem com descontos interessantes, aproveitados pelos idosos, pelos que tiram férias nessa época ou por aqueles que esperam a baixa das tarifas.


Para que tudo corra bem na sua viagem, procure primeiro informações sobre clima e fenômenos da natureza


Só os menos atentos viajam para o Caribe nesta época do ano, justamente por causa das grandes chuvas, das ventanias que se transformam em tornados, dos mares revoltos. Talvez seja para esses menos atentos que a Flytour realiza até 24 de setembro em Santos e de 6 a 8 de outubro em Campinas, interior de São Paulo o tradicional feirão de viagens, com descontos de 50% ou mais e incluiu na listagem de destinos preferenciais Orlando ( Estados Unidos) , Cancun (México) e Punta Cana (República Dominicana), ilha que também aparece nos pacotes da CVC. Mas quase desapareceu do mapa.

Enquanto isso, basta ligar a televisão para ver os estragos que a temporada de tornados e furacões já fez e continua fazendo. E lembrar que a temporada apenas começou e só termina em fins de novembro. Vender Bahamas, Porto Rico, Saint Martin (francesa) e Sint Maarten (holandesa), ilha turística caribenha inteiramente destruída há poucos dias, é como aconselhar para o Dia da Criança uma estada nas favelas cariocas da Maré ou da Rocinha, que em plena zona sul do Rio de Janeiro tem sido palco de cenas de guerra, dignas do melhor do México. México que, aliás, já contabilizou 250 mortos no terremoto acontecido há dois dias e que destruiu boa parte da capital do país onde o grande Trump pretende construiu um muro, pago pelos mexicanos. Um terremoto como não acontecia há dezenas de anos. E que pode se repetir.


Se a imagem de férias que você sonhou foi assim, desista dos destinos que estão passando pela temporada de tornados, ventanias e destruição. Dormir no chão de aeroportos despreparados não será a melhor opção de viagem 


Se você pensou em tirar uns dias dessa primavera que bate às nossas portas, aproveitando as belezas, tradições e confortos catarinenses, não esqueça que há menos de uma semana 22 cidades foram atacadas por tiros e incêndios de carros e propriedades públicas, incluindo cidades turísticas importantes como Florianópolis, Joinville e Camboriu.

Mas se pensou que a propaganda fora de propósito se reduz ao setor do Turismo, é porque ainda não viu o anúncio dos bons serviços de um laboratório de análises clínicas, onde todos são lindos, impecáveis, com largos sorrisos de dentes de pérolas (até as crianças…) e dão a impressão de quem vai ser furado por uma agulha e seringa para retirar sangue e leva em vidrinhos material recém colhido para tentar descobrir porque está se sentindo doente, está adentrando um ambiente de contos de fadas, onde as atendentes são belas Fadas Madrinhas, os clientes não estão nervosos e nem com fome por terem de manter jejum antes de certos exames e o sorriso é o passe mágico para um mundo de fantasia. Surrealismo – que é o oposto de racionalidade e bom senso – é muito bom para artistas. Vide Salvador Dali, exemplo máximo do imaginário fantástico.

Em que planeta será que essa gente vive? Em que pensam os programadores de anúncios, as operadoras de Turismo, os diretores dos laboratórios de análises clínicas? Apostam naqueles inocentes úteis que elegem quadrilhas de assaltantes para cuidarem de suas vidas, com certeza. E continuam sobrevivendo. Abra os olhos e não escolha como destino países em época de monções, terremotos, tornados, tsunamis. São fenômenos que acontecem todos os anos, em épocas previsíveis.


Não ouça as “sereias” do Turismo e esqueça o Caribe e o México por enquanto


Tarifas baixas não garantem bons serviços, voos nos horários, hotéis reservados e o sol na praia. Pense naqueles turistas que foram curtir o Caribe na época errada do calendário e passaram dias e noites dormindo no chão dos pequenos e desconfortáveis aeroportos locais. Sem atendimento, sem comida, sem água. Nem mesmo os que foram para comprar bugigangas na Flórida ou tomar café da manhã com Minie e Mickey, tiveram melhores resultados.

Comece a planejar sua viagem olhando calendário de eventos, porque até grandes festas podem estragar sua viagem, quando o comércio fecha, os restaurantes não funcionam e os hotéis ficam lotados.Veja também se o destino escolhido não está passando por algum problema político, não está em véspera de eleições conturbadas ou em greve geral. E não esqueça de ver o noticiário de fenômenos climáticos. Com o laptop ou o celular, já não há desculpas para ficar mal informado.

Bom, sempre dá para rezar e pedir auxílio aos céus. Foi inaugurado em 3 de setembro o Caminho Religioso da Estrada Real – Crer – agora a maior rota de peregrinação brasileira, com mais de mil quilômetros ligando o Santuário de Nossa Senhora da Piedade (Caeté, Minas Gerais) ao Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida (São Paulo). O trajeto já começou a ser percorrido e os peregrinos vão caminhar desde Minas para a cidade religiosa paulista até o dia 9 de outubro, passando por 32 cidades mineiras e 6 paulistas. Claro que há um passaporte a ser carimbado, como o que existe na rota de Santiago de Compostela (Espanha). Custa R$ 26 e é adquirido em Caeté. Fé nos homens de boa vontade e pé da estrada. Porque, como dizia Panglos (Voltaire), Tudo vai bem, no melhor dos mundos.