CHRISTIANA TELLES
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O intenso tiroteio entre policiais e criminosos na Rocinha, no Rio de Janeiro, nesta sexta-feira (22), provocou tumulto, pânico e alterou a rotina de cariocas.
Compromissos desmarcados, aulas canceladas e medo de trafegar por locais próximos à favela são alguns dos reflexos da crise de segurança vivida no Rio.
“Quando cheguei embaixo da passarela da Rocinha, vi muitos policiais, cerca de 20, saindo do túnel com fuzis, prontos para invadir. De repente, começou um tiroteio violento no asfalto. Acho que fui um dos últimos carros a passar pelo túnel, que foi fechado depois. Nem sei como consegui, minhas pernas tremiam”, disse o empresário Ricardo Tupinambá, 54, que mora na Barra da Tijuca.
Ele ia a uma reunião, sem saber do que ocorria na Rocinha. Após o susto, buscou a filha na PUC -as aulas foram suspensas-, deixou o carro na Gávea e voltou de metrô para casa. “Não sei quando vou buscar meu carro. Não quero nem pensar em passar novamente pelo túnel.” Há relatos também de tiroteios em outras comunidades do Rio, como o Dona Marta e Chapéu Mangueira, na zona sul, e no Complexo do Alemão, na zona norte.
O governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB), diz que as ações são uma reação ao avanço das tropas do Bope (Batalhão de Operações Especiais) na Rocinha.
A também empresária Laura Mariani, 54, mora no Humaitá, perto do Morro Dona Marta, e se preparava para sair de casa, por volta das 10h, quando começou a ouvir tiros no morro. “Durou uns 20 minutos. Resolvi ficar em casa. Amigos que moram no bairro me falaram que ficaram presos em casa aguardando uma trégua.”
A rotina da designer Gisela Fiuza, 55, também foi alterada nesta sexta, com o cancelamento das aulas do filho na escola. “Liguei para a escola por volta de 10h para saber se haveria aula à tarde, pois meu filho tinha prova, e informaram que todas as atividades estavam canceladas e que os funcionários estavam indo embora. Pânico total.”
No Botafogo, a estudante Manuela Guimarães, 17, do Colégio Santo Inácio, disse que os alunos ficavam assustados por, a todo momento, receberem informações pelo aplicativo WhatsApp sobre tiroteios no Dona Marta. “Na hora da saída o coordenador disse que a rua São Clemente estava tranquila, mas que não deveríamos passar em frente ao Dona Marta.”