ISABEL FLECK, ENVIADA ESPECIAL
NOVA YORK, EUA (FOLHAPRESS) – O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, admitiu que ainda há dúvidas entre empresários e investidores estrangeiros sobre a consistência da recuperação da economia brasileira.
Nos últimos três dias, Meirelles teve sete encontros com investidores em Nova York, parte deles organizados por bancos americanos.
“Não há dúvida [de que ainda há uma desconfiança]. O Brasil está saindo de dois anos e meio da mais longa e mais profunda recessão da história”, disse Meirelles aos jornalistas ao fim da maratona de reuniões.
“É importante que eles ouçam diretamente de nós o diagnóstico de por que o Brasil entrou em recessão e de por que está saindo da recessão”, afirmou.
O ministro disse ter sentido que os investidores precisam “ter mais segurança de que a economia de fato vai crescer, e, portanto, a demanda vai continuar a crescer’.
“Às vezes, eles também querem discutir questões mais especificas de reformas como, por exemplo, a reforma trabalhista”, disse.
Segundo ele, o maior interesse dos investidores são as reformas que “vão aumentar a produtividade” e diminuir a burocracia, como a simplificação fiscal.
PRIVATIZAÇÕES
O ministro disse que há muita atenção dos estrangeiros voltada para o processo de privatizações no Brasil, em especial, da Eletrobras.
“Existe muito interesse não só daqueles que têm algum interesse [direto] nessa área [de energia], mas, principalmente, pelo que isso significa para a economia e o país”, afirmou.
Outra privatização que está atraindo os olhares dos americanos é a da Casa da Moeda, segundo o ministro, “pelo aspecto simbólico”. Mas há interesse ainda pelo setor de infraestrutura —aeroportos, rodovias, portos.
Segundo Meirelles, há uma expectativa de aumento de investimentos estrangeiros, mas isso é um processo “que já está em curso”.
“Não é algo que está parado e de repente virá um ou outro investimento. É um processo em andamento, por isso essas visitas regulares são importantes”, disse.
Após passar por Nova York, Meirelles seguirá para Bruxelas, onde participará de uma reunião da OCDE, e depois para Londres, onde também se encontrará com investidores.