Os 46 estudantes surdos da educação infantil e das séries iniciais da Escola Estadual Guilherme Eduardo Jacobucci, no bairro Tarumã, em Curitiba, recebem atendimento especializado, em tempo integral, com metodologias específicas para a alfabetização em Linguagem Brasileira de Sinal (Libras), português escrita, treinamento auditivo e leitura labial.

No período da manhã os estudantes seguem a programação regular com aulas das disciplinas da grande comum curricular. Já no período da tarde, eles participam de atividades complementares de reforço escolar, dança, teatro, autonomia e técnicas específicas para surdez desenvolvidas pela escola que consiste em atividades de relato, descrição e absurdo (na qual os professores apresentam figuras fora do padrão para que os estudantes apontem as anormalidades).

Como a nossa escola oferece a oralização, por meio dessas técnicas conseguimos trabalhar os fonemas necessários para cada aluno dando o suporte para o desenvolvimento da escrita em português. A maioria passa para o sexto ano mais preparado porque consegue ler, escrever e compreender e se comunicar melhor, explicou a professora de atividades complementares, Raquel Barros dos Santos.

A diretora Juliana Gronke Moratone explicou que a metodologia desenvolvida pela escola atende as diretrizes do estatuto internacional, estadual e federal da pessoa com deficiência. Trabalhamos com a metodologia bilíngue (libras e português escrito), mas também o português oral e o treinamento auditivo, que é o nosso diferencial, disse. Mas a família do aluno pode optar por alfabetizar o filho apenas com leitura labial e escrita ou libras de sinais, explicou Juliana.

EM TEMPO INTEGRAL – Os estudantes chegam à escola às 7h30 e permanecem até as 17h25. A escola oferece três refeições diárias (lanche da manhã, almoço e lanche da tarde).

Murilo Santos Ferreira, 9 anos, estudava em uma escola regular antes de ser matriculado na Escola Guilherme Eduardo Jacobucci. Ele contou que no início estranhou um pouco a estrutura e rotina da escola. Quando mudei para essa escola e vi que tinha muitas salas e poucos alunos, fiquei um pouco assustado, mas depois acostumei, contou.

Murilo está no 4° ano do ensino fundamental e compreende e se comunica perfeitamente. Na outra escola tinha muito barulho e isso atrapalhava um pouco, mas aqui tem menos alunos e a professora consegue dar mais atenção e isso facilita o aprendizado, disse.

A dona de casa Vanessa Cristina Iarrocheski, mãe do aluno Eric Cauã de Castro, 8 anos, do 2° ano, contou que o atendimento especializado contribui para o desenvolvimento pleno do filho. Ter uma escola específica para atender alunos surdos contribui para que eles se desenvolvam e acompanhem normalmente os conteúdos como alunos ouvintes. Uma criança sem a deficiência com oito anos está na 2° série e o Eric não fica para trás em nada. Ele fala praticamente de tudo e já está aprendendo a ler também, disse.

Vanessa faz parte de uma comissão de pais e mães que solicitaram à Secretaria da Educação que assumisse a administração da escola. Fizemos a solicitação porque nossos filhos merecem o melhor. Fomos prontamente atendidos e agora estamos nos adaptando, disse. Em julho desse ano a escola passou a ser administrada pela Secretaria Estadual da Educação.

REDE ESTADUAL– A rede estadual de ensino possui 14 escolas bilíngues que contam com 300 professores e atendem 954 estudantes surdos. Além da oferta de educação bilíngue em instituições especializadas, o Estado do Paraná possui 1,2 mil estudantes surdos matriculados em 384 escolas regulares que contam com o acompanhamento de 780 Tradutores Intérpretes de Libras – Língua Portuguesa (TILS).

Esses alunos surdos que estudam em escolas regulares, recebem, no turno complementar, atendimento especializado nas salas de recursos com professores surdos, que reforçam o aprendizado na língua de sinais, e professores falantes que trabalham o reforço escolar.

As escolas estaduais que atendem estudantes surdos ofertam educação bilíngue, com ensino da Libras como primeira língua, e língua portuguesa escrita, como segunda língua. O Estado do Paraná se destaca no cenário nacional pela observação e cumprimento dos preceitos legais em vigência, os quais orientam para o respeito à cultura, identidade e a opção da família ou do estudante, destacou a chefe do Departamento da Educação Especial da Secretaria de Estado da Educação, Siana do Carmo de Oliveira Franco Bueno.