FERNANDA PERRIN
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um dos motores do crescimento de 3,8% do PIB global no próximo ano deve ser a retomada dos investimentos corporativos nos países desenvolvidos e líderes emergentes, após anos de dependência do emprego e do consumo nessa função.
A avaliação é do Credit Suisse, que divulgou nesta quinta-feira (23) o relatório de perspectivas de investimentos para 2018.
“Com a confiança empresarial e lucros em alta, mas os limites de capacidade apertando, nós esperamos que os investimentos corporativos acelerem em 2018, especialmente em manufatura, tecnologia da informação, serviços de utilidade pública e transporte e armazenamento”, afirma o banco.
As propostas de corte de impostos em discussão nos Estados Unidos e na Alemanha também contribuem para esse cenário.
Esse maior fôlego empresarial também deve se traduzir no aumento das operações de fusão e aquisição.
O aumento da produtividade esperado por esses investimentos deve limitar a pressão inflacionária no próximo ano, cuja média global deve ficar em 2,7%.
O crescente espaço ocupado pelo comércio virtual, que permite maior transparência e concorrência, é uma das forças que devem segurar a inflação nos próximos anos.
O Credit Suisse, contudo, não descarta o risco de superaquecimento do mercado de trabalho nos EUA, Alemanha e Japão, o que pode levar a um aumento dos preços.
Esses três países estão com taxa de desemprego historicamente baixa. Em setembro, ela era de 4,2% nos Estados Unidos, de 3,6% na Alemanha e de 2,8% no Japão.
No caso americano, esse efeito é especialmente importante uma vez que pode levar o Fed (o banco central do país) a intensificar a subida de juros -já esperada pelo mercado, mas de modo gradual- no próximo ano.
Além do Fed, o Banco Central Europeu (BCE) e seus pares em países desenvolvidos também devem voltar a subir a taxa básica de juros no próximo ano, na avaliação do mercado.
O movimento a princípio acompanha a expectativa de crescimento econômico, mas pode transformar-se em uma ameaça ao desenvolvimento a depender de até que ponto os bancos centrais levarem seu ciclo de alta.
Nesse cenário, o Credit Suisse aponta que a renda variável deve valer mais a pena para investidores em relação a ativos de crédito. A previsão é de que as ações de mercados emergentes gerem retornos na faixa de 10% a 15% em 2018.
AMÉRICA LATINA
O desempenho econômico das economias latino-americanas no próximo ano estará fortemente atrelado ao cenário político: Brasil e México realizam eleições presidenciais, e Argentina, legislativa.
“Depois de anos de escândalo e incerteza no Brasil, a probabilidade é de que um presidente reformista que possa encaminhar as reformas necessárias seja eleito, dando sustentação à recuperação econômico”, analisa o relatório da instituição.
A previsão do banco é que a economia brasileira cresça 2,5% no ano que vem, com inflação em 4%.
Na Argentina, o presidente Mauricio Macri deve continuar com sua agenda de reformas no próximo ano.
Já no México, onde o candidato de esquerda lidera as pesquisas de intenção de voto, o cenário é de maior incerteza em relação ao avanço de reformas, diz o Credit Suisse.
A perspectiva para a China é mais moderada, cujo crescimento não deve acelerar diante da política de restrição do crédito do país.
A preocupação, nesse caso, é em evitar uma desaceleração muito grande da segunda maior economia global. A previsão é de crescimento de 6,5% do PIB no próximo ano.