SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A coalizão governista ganhou 90% das prefeituras venezuelanas na eleição de domingo (10), que foi boicotada pela maior parte da oposição, anunciou nesta segunda-feira (11) Nicolás Maduro.
A vitória fortalece o projeto do ditador de buscar a reeleição em 2018 e enfraquece a coalizão opositora MUD (Mesa da Unidade Democrática), que se dividiu entre as siglas que entraram no pleito e as que optaram pelo boicote.
Até a segunda a noite, a apuração mostrava vitória dos candidatos do governista PSUV (Partido Socialista Unido da Venezuela) em 21 das 23 capitais estaduais e no principal distrito de Caracas -o resultado final não havia sido divulgado até a conclusão desta edição. Estavam em disputa todas as 335 prefeituras do venezuelanas.
“Vamos nos preparar para 2018!” disse Maduro em um discurso na capital na madrugada de segunda, após o fechamento das urnas.
Já a oposição afirmou que o pleito foi uma “farsa eleitoral” que não reflete a vontade do povo venezuelano.
A ampla vitória chavista já era esperada, em especial após três dos quatro principais partidos da MUD decidirem não disputar o pleito -apenas o Um Novo Tempo apresentou candidato.
Ação Democrática, Primeira Justiça e Vontade Popular afirmaram que o governo iria manipular o pleito e por isso decidiram não concorrer. Eles também reclamam que a eleição municipal foi convocada pela Assembleia Nacional Constituinte, órgão fiel a Maduro e que a oposição não reconhece, e apenas em outubro -dando pouco tempo para os partidos se organizarem.
Ainda no domingo, Maduro defendeu que os três partidos que não apresentaram candidatos na eleição municipal devem ser impedidos de disputar o pleito presidencial marcado para o ano que vem, ainda sem data definida, no qual ele deve buscar a reeleição.
Nesta segunda, o Departamento de Estado dos Estados Unidos disse que a declaração de Maduro “é mais uma medida extrema para abafar o espaço democrático na Venezuela e fortalecer sua ditadura autoritária”.
DIVISÃO
Criada em 2008 como uma frente unificada de oposição ao então presidente Hugo Chávez, a MUD passa por uma divisão desde outubro, quando ocorreram as eleições para governador no país.
O pleito terminou com vitória dos governistas em 18 dos 23 Estados, apesar da crise econômica que assola o país e das pesquisas apontarem a coalizão opositora como favorita.
Com isso, parte dos líderes oposicionistas disse que o pleito foi fraudado e pediu o boicote, enquanto outra ala defendeu um diálogo com o governo, acirrando ainda mais o racha interno.