SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Três mulheres que acusam Donald Trump de assédio sexual pediram nesta segunda-feira (11) que o Congresso americano abra uma investigação sobre o comportamento do presidente.
Em uma entrevista coletiva conjunta, Jessica Leeds, Rachel Crooks e Samantha Holvey disseram que a atual onda de denúncias de assédio contra políticos e celebridades nos Estados Unidos pode permitir que o presidente seja responsabilizado pelos atos do qual é acusado, embora nenhuma delas acredite que ele será afastado do cargo por isso.
O Congresso deve “colocar de lado suas afiliações partidárias e investigar o histórico de má conduta sexual do sr. Trump”, disse Crooks, ex-recepcionista de uma empresa imobiliária que diz ter sido beijada a força por Trump.
“Eu me expus para o mundo inteiro e ninguém se importou”, disse Holvey, que acusa Trump de têl-la assediado durante um concurso de beleza em 2006. Segundo ela, a falta de investigação sobre o caso a deixou com o “coração partido”.
Nos últimos dois anos, mais de uma dezena de mulheres acusou Trump de realizar avanços sexuais não desejados antes de ele entrar na política. Durante a campanha presidencial, foi divulgado ainda um segmento do programa de TV “Access Holywood” gravado em 2005 no qual Trump diz que beijava e apalpava mulheres sem o consentimento delas.
O entrevista desta segunda em Nova York foi feita pela Brave New Films, uma produtora que fez um vídeo no qual 16 mulheres que acusaram Trump descrevem as agressões que ele teria cometido, como tentativas de colocar a mão embaixo de suas saias sem permissão ou de beijá-las e apalpá-las a força.
A Casa Branca divulgou uma nota em que voltou a negar todas as acusações.
“Essas falsas afirmações, totalmente contestadas na maioria dos casos por relatos de testemunhas oculares, foram amplamente abordadas na campanha do ano passado e o povo americano expressou seu julgamento ao entregar uma vitória decisiva”, disse o comunicado.
A nota questiona ainda se entrevista desta segunda teve motivação política. Trump já acusou diversas vezes as mulheres de estarem mentindo.
No domingo (10, a embaixadora americana na ONU, Nikki Haley, disse que todas as mulheres que fazem uma acusação de assédio devem ser ouvidas, mesmo se o agressor for Trump.
‘ME TOO’
Além do presidente, as denúncias de assédio sexual atingiram outras figuras importantes da política americana. Só neste mês, três congressistas anunciaram que vão deixar seus cargos após serem acusados de conduta sexual imprópria: os deputados John Conyers Jr. (democrata de Michigan) e Trent Farks (republicano do Arizona) e o senador democrata por Minnesota Al Franken.
Além deles, o candidato republicano ao senado por Alabama, Roy Moore, foi acusado de ter abusado de menores nos anos 1970. Apesar de ter recebido o apoio de Trump, as pesquisas mostram que Moore pode perder a disputa em um Estado predominantemente republicano.
A atual onda de denúncias começou em outubro, quando o jornal “The New York Times” revelou uma série de casos envolvendo o produtor de cinema Harvey Weinstein.
Na sequência, milhares de mulheres começaram a denunciar seus agressores nas redes sociais na campanha “Me Too” (eu também). Além dos políticos, as acusações atingiram também celebridades, artistas e jornalistas.