O ano de 2017 começou com a herança de uma severa crise econômica do ano anterior. Nos primeiros meses, o foco das empresas do mercado imobiliário continuou a ser a redução das unidades em estoque, por meio de ações promocionais mais esparsas e menos agressivas. Entretanto, a partir do segundo semestre, com um cenário político e econômico mais estável, a produção imobiliária começou a sinalizar um movimento de retomada.

Na área econômica, o controle do desemprego e da inflação, além da liberação dos recursos das contas inativas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), desenharam um novo cenário para empresários e compradores. O conjunto desses fatores representou para o consumidor uma recomposição, ainda que lenta e gradual, do poder de compra e da possibilidade de resolver as dívidas, devolvendo a confiança no mercado.

Especificamente no mercado imobiliário, o controle da inflação impactou tanto quem procura o imóvel para moradia, quanto o investidor. Para os primeiros, o resultado foi uma maior abertura do crédito com a redução das taxas de juros pelos bancos privados. Já os segundos, que até então haviam migrado os seus recursos para aplicações financeiras mais conservadoras, viram a sua rentabilidade despencar, recolocando o imóvel como opção de investimento viável.

A perspectiva de melhora fez ressurgir o otimismo no empresariado e os lançamentos começaram a aparecer em Curitiba a partir do segundo semestre, voltados prioritariamente para moradia. Os novos empreendimentos vieram mais enxutos, com menos unidades, atendendo a nichos específicos de clientes, apostando alto em valor agregado (localização e diferenciais). O segmento comercial ainda é o que mais sente a ressaca da crise econômica e, excetuando-se o evento de uma eleição presidencial, pelos indicadores econômicos, tende a ter um horizonte mais próspero.

O mercado de lançamentos imobiliários ainda está longe de onde quer chegar, mas certamente está muito mais próximo. A temperatura para a aproximação ou afastamento da linha de chegada em 2018 será medida pela política. Como em anos anteriores, a atitude mais previsível para um ano eleitoral será a cautela, especialmente pelos investidores, até a definição da próxima equipe e política econômica.

Cautela, mas não estagnação. Esse talvez seja o maior ensinamento dessa última crise para o mercado imobiliário: o setor opera em ciclos e, entre altas e baixas, existe toda uma área de transição permanente formada pelas pessoas e famílias que precisam de um lugar para morar. Ajustam-se compradores, adequam-se empreendedores. Entre o claro o escuro, existem mais tonalidades do que se possa imaginar.

Jacirlei Soares Santos é presidente da Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do Paraná (Ademi/PR)