SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Unilever, uma das maiores anunciantes do mundo, ameaçou retirar investimentos de plataformas digitais como Facebook e Google que criem “divisões” na sociedade, estimulem o ódio ou fracassem em proteger as crianças, de acordo com informações de agências de notícias divulgadas nesta segunda-feira (12). Keith Weed, responsável pela área de marketing da Unilever, vai pedir, em discurso na conferência anual de publicidade na Califórnia na noite desta segunda, que a indústria de tecnologia melhore a transparência e a confiança do consumidor em uma era de notícias falsas e conteúdo on-line “tóxico”. “A Unilever, como um anunciante respeitado, não quer anunciar em plataformas que não deem uma contribuição positiva para a sociedade”, diz o discurso de Weed, de acordo com cópia obtida pela Reuters. “Nós não podemos abastecer uma cadeia digital —uma que entrega quase um quarto de nossos anúncios aos consumidores— que, às vezes, é pouco melhor que um pântano em termo de transparência.” Às 15h42, os papéis do Facebook caíam 0,56%, enquanto o Google subia 1,42%, em dia de alta nas Bolsa. Unilever também quer combater estereótipos de gênero em anúncios e só fará parcerias com organizações comprometidas em criar uma infraestrutura digital melhor. Segundo informações, a Unilever também quer combater estereótipos de gênero em anúncios e só fará parcerias com organizações comprometidas em criar uma infraestrutura digital melhor. No ano passado, a empresa, dona do sabonete Dove e da maionese Hellman’s, gastou € 7,7 bilhões (cerca de R$ 31 bilhões) em marketing. A Unilever, em 2017, sofreu duras críticas após um anúncio da Dove considerado racista. Recentemente, Weed e Marc Pritchard, responsável por marca da Procter & Gamble, a empresa que mais gasta com publicidade no mundo, viraram vozes críticas do mercado de anúncios digitais, que eles chamam de obscuro, fraudulento e ineficiente. No ano passado, a Procter & Gamble cortou US$ 100 milhões em marketing digital em um trimestre e não viu impacto nas vendas. “Os consumidores não ligam para uma verificação de terceiros. Mas eles se importam com práticas fraudulentas, notícias falsas e a Rússia influenciando as eleições americanas”, afirmará Weed em discurso. O Google, unidade da Alphabet, e o Facebook teriam recebido metade da receita com anúncios on-line no mundo no ano passado e mais de 60% nos Estados Unidos, de acordo com a empresa eMarketer. Até o momento, as empresas não se pronunciaram sobre a notícia.