DANIELLE BRANT SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Bolsa brasileira fechou em forte alta nesta quarta-feira (14), em ajuste após duas sessões sem operações e acompanhando a melhora no humor no exterior, apesar de dado de inflação nos EUA que reforça a preocupação com aumentos adicionais de juros no país. O Ibovespa, índice das ações mais negociadas, subiu 3,27%, para 83.542 pontos. O volume financeiro foi de R$ 11,3 bilhões -a média de fevereiro está em R$ 12,2 bilhões. O dia foi de vencimento de opções sobre o índice, o que contribui para inflar o giro financeiro. O dólar comercial teve forte queda de 2,27%, para R$ 3,228. O dólar à vista, que fecha mais cedo, recuou 1,51%, para R$ 3,245. Para Raphael Figueredo, sócio-analista da Eleven Financial, a forte valorização da Bolsa e a queda do dólar foram provocados por ajustes após as duas sessões sem operações. “O mercado, de maneira geral, ignorou o dado de inflação nos EUA, trazendo a percepção de que a tendência de alta continua, assim como esse período de euforia nos mercados. Isso contamina nossa Bolsa”, diz. Nesta sessão, os investidores avaliaram a divulgação do dado de inflação nos Estados Unidos, que apontou alta de 0,5% em janeiro, acima do esperado pelo mercado. Em dezembro, o avanço tinha sido de 0,2%, segundo o Departamento do Trabalho americano. Em base anual, a inflação se manteve em 2,1%. Mas o impacto do indicador foi diluído pela divulgação das vendas no varejo no país, que caíram 0,3% em janeiro, a maior queda desde fevereiro do ano passado. O dado de inflação era aguardado após as fortes turbulências que atingiram os mercados acionários na última semana. Os índices americanos Dow Jones e S&P 500 tiveram a pior semana em dois anos, em meio a temores de que a recuperação do mercado de trabalho e dos salários nos EUA pudesse pressionar a inflação, o que levaria a aumentos adicionais de juros nos Estados Unidos -o banco central americano indica três altas. A alta elevaria a rentabilidade dos títulos de dívida emitidos pelo governo americano, considerados de baixíssimo risco, o que enxugaria parte do dinheiro que, hoje, está aplicado em Bolsa ou na renda variável. Apesar disso, os investidores desconsideraram o dado e os mercados de EUA e Europa subiram. “O mercado americano está vivendo uma irracionalidade, uma euforia, um período clássico de estágio final do ciclo de alta”, diz Figueredo. “Os investidores ignoram qualquer noticiário ruim, tudo é festa. As quedas são motivos para reforços na compra. Qualquer dado ruim que sai, o mercado retoma a tendência e mantém o movimento de alta. Esse movimento deve durar nos próximos meses”, complementa. AÇÕES Das 64 ações do Ibovespa, 58 subiram e seis fecharam em baixa. A maior alta do índice foi registrada pelas ações da CSN, que dispararam 8,7%. A Bradespar se valorizou 6,9% e a Gerdau avançou 6,63%. Na ponta contrária, os papéis da Marfrig caíram 2,34%. A CCR recuou 1,63%, e a Cosan fechou em baixa de 0,85%. As ações da mineradora Vale dispararam 5,98%, para R$ 44,51.  Os papéis da Petrobras também subiram, em dia de alta do petróleo depois de os estoques de petróleo dos Estados Unidos subirem menos que o esperado e de o ministro de Energia saudita, Khalid al-Falih, dizer que os principais produtores prefeririam mercados mais apertados do que encerrar os cortes de produção precocemente. As ações mais negociadas da Petrobras subiram 2,56%, para R$ 19,25. Os papéis ordinários avançaram 1,44%, para R$ 20,38. No setor financeiro, os papéis de bancos fecharam em forte alta. O Itaú Unibanco se valorizou 4,32%. As ações preferenciais do Bradesco subiram 3,65%, e as ordinárias avançaram 3%. O Banco do Brasil teve valorização de 3,60%, e as units -conjunto de ações- do Santander Brasil tiveram alta de 3,54%. CÂMBIO A possibilidade de novos aumentos de juros nos EUA também foi desconsiderada no mercado cambial. O dólar perdeu força ante 30 das 31 principais moedas do mundo. Nesta sessão, o Banco Central não fez rolagem de contratos de swaps cambiais (equivalentes à venda de dólares no mercado futuro) que vencem em março. Mas continuará a rolagem na quinta-feira -o total de contratos é de US$ 6,154 bilhões. O CDS (credit default swap, termômetro de risco-país) do Brasil recuou 3,19%, para 164,7 pontos.  No mercado de juros futuros, os contratos mais negociados tiveram queda. O contrato com vencimento em abril de 2018 recuou de 6,625% para 6,622%. Já o contrato para janeiro de 2019 caiu de 6,725% para 6,685%.