Pedidos de vista de vários deputados adiaram novamente a votação, na Comissão de Constituição e Justiça da Assembleia Legislativa, do polêmico projeto Escola sem partido, pelo qual parlamentares da bancada evangélica pretende proibir professores de promover discussões sobre política e gênero nas escolas públicas paranaenses. A proposta foi apresentada pelo deputado Ricardo Arruda (PEN) – que é pastor da Igreja Mundial do Poder de Deus – em dezembro de 2016, e desde então aguarda parecer da CCJ.
Na sessão de ontem, o deputado Edson Praczyk (PRB), pastor da Igreja Universal do Reino de Deus, deu parecer favorável à proposta, na forma de um substitutivo (nova versão do projeto original). Os deputados Luiz Cláudio Romanelli (PSB) e Péricles de Mello (PT), apresentaram votos contrários em separado.

Já durante a sessão no plenário, Arruda reclamou do novo adiamento da votação. Ele alegou que a maioria da população é favorável à proibição da chamada ideologia de gênero nas escolas. Querem obrigar a criança a colocar vestido e batom, alegou o parlamentar.

O deputado estadual professor Lemos (PT), rebateu o autor. Não existe nas escolas professores trabalhando para mudar o sexo de crianças. Não existe isso. É um absurdo, afirmou.

Romanelli já se declarou pessoalmente contrário à proposta, afirmando que trabalharia contra sua aprovação, por considerá-la um retrocesso e um retorno às trevas. Entidades que representam professores qualificam a iniciativa como uma lei da mordaça, que representaria uma ameaça à liberdade de expressão e de ensino. No início de novembro, a seção paranaense da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/PR) divulgou nota afirmando que o projeto é manifestamente inconstitucional e pretende estabelecer um verdadeiro regime de vigilância sobre o ensino e a aprendizagem no Estado.