SIMONE MACHADO SÃO JOSÉ DO RIO PRETO, SP (FOLHAPRESS) – Cansado de ver o filho Enzo, 13, que tem problemas posturais, relutar para fazer tratamento, o fisioterapeuta Dalton Kina, de Catanduva, interior de São Paulo, resolveu usar seu conhecimento na área para buscar alternativas para tratar adolescentes. Ele desenvolveu uma plataforma simuladora que funciona como videogame e auxilia nos tratamentos posturais, de equilíbrio e de percepção do próprio corpo. “Essa nova geração Y e Z é totalmente da era digital e eles não gostam de ficar parados fazendo um tratamento. O Enzo ia para as sessões e não rendia, não evoluía no tratamento, porque ele não gostava do que estava fazendo.”

A plataforma é feita de uma estrutura metálica que se movimenta de acordo com os movimentos corporais. Ela também tem sensores que capturam os movimentos e um sistema de comunicação sem fio com o game que manda as informações. Com a plataforma foram desenvolvidos três jogos. Um é um labirinto, no qual o paciente tem que controlar uma bolinha em meio a curvas com movimentos do corpo.

O outro é semelhante ao jogo Genius, muito conhecido na década de 1970, em que luzes se acendem e o paciente tem que pisar sobre elas, seguindo uma sequência. Já o terceiro game simula um voo de asa delta. Deitado e usando óculos de realidade virtual, o paciente deve se equilibrar na plataforma e simular movimentos de voo, ajudando a dar mais equilíbrio e melhorando a postura. “Desde a primeira vez já senti algumas dores, resultados dos exercícios da fisioterapia. Se não fosse o jogo, talvez não aguentasse ficar fazendo. É muito mais legal e emocionante, você se sente dentro do cenário”, diz Enzo.

As pesquisas começaram em 2012, mas foi em 2017 que o equipamento se tornou realidade ao reunir profissionais de outras áreas como mecatrônica, programação de games e automação e daí surgir a plataforma simuladora instável que funciona como controle do videogame. O trabalho teve o incentivo da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), um dos principais órgãos de fomento à pesquisa científica do país.

A plataforma está disponível gratuitamente para um grupo de pacientes numa clínica de Catanduva. Além de crianças, é usada para tratar idosos e alunos da Apae (Associação de Pais e Alunos dos Excepcionais) local. Para o designer de games João Lucas Gomes Coppi, os games vão além do entretenimento, pois liberam substâncias no jogador que levam a sensações de gratidão, de otimismo e conquista. “Quando essas substâncias são unidas com a fisioterapia, os pacientes tendem a se animar com o tratamento e assim ir até o final.”