Um levantamento divulgado ontem pelo Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior (Semesp) revelou que de cada 100 alunos matriculados em faculdades, centros universitários e universidades do Paraná, 23 fazem fazem cursos de Ensino a Distância (EaD). Os números, que foram compilados a partir da base de dados do Censo Escolar, estudo anual feito pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), apontam que em 2016, último ano com dados disponíveis, o Paraná contava com 499 mil alunos matriculados no ensino superior. Destes, 114 mil (22,85%) faziam cursos EaD.
Para efeitos de comparação, em 2009 o estado registrou 399 mil matrículas no ensino superior, das quais 72 mil (18,05%) eram de cursos a distância. O EaD, inclusive, tem apresentado crescimento constante no Estado desde 2013. Em 2016, a alta praticamente compensou a queda de matrículas e ingressantes no ensino presencial, ajudando o setor a fechar pela oitava vez seguida o ano com alta no número de acadêmicos.
No ano em análise, o número de matrículas EaD teve alta de 12% no Paraná, passando de 102 mil para 114 mil – ou seja, saldo positivo de 12 mil matrículas. Já o número de ingressantes teve alta de 25,6%, saltando de 53 mil para 65 mil (alta nominal de 12 mil).
Nos cursos presenciais, contudo, o cenário foi completamente diferente, com as matrículas registrando queda de 2,6%: passou de 261 mil em 2015 para 254 mil em 2016, o que representa a perda de 7 mil alunos. Quanto ao número de ingressantes, a queda foi ainda mais acentuada, de 13,1%, passando de 95 mil em 2015 para 82 mil em 2016 (-13 mil).
Queda em 2018
Para o diretor executivo do Semesp, Rodrigo Capelato, os próximos anos serão fundamentais na definição do rumo a ser tomado pelo ensino superior no Brasil. Ele esteve ontem em Curitiba, onde participou da 11ª edição do Seminário de Ações Digitais na Educação Brasileira (SADEBr).
Não haverá crescimento do ensino superior sem política pública. O país vive uma crise financeira e os marcos regulatórios podem alterar a situação do crescimento ou contribuir para a estagnação do ensino superior nos próximos anos. A projeção do cenário para 2018 é também de queda de ingressantes, em torno de 10%, principalmente em virtude das reformulações no Fies.

Matrículas no ensino superior, em milhares

Ano

total de matrículas

(percentual de matrículas do EAD)

2016

499

(22,85%)

2015

492

(20,73%)

2014

468

(19,44%)

2013

438

(17,58%)

2012

440

(19,09%)

2011

438

(20,32%)

2010

412

(18,20%)

2009

399

(18,05%)

Modalidade de ensino concilia vida familiar e profissão
Formada em Geologia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), Ana Carolina Kowalski resolveu voltar à faculdade no ano passado, seis anos após terminar sua primeira graduação. Para conciliar a maternidade e a vida profissional com os estudos, optou pela licenciatura em Geografia por meio do ensino a distância. E não se arrepende.
Optei pelo EaD porque é mais prático e também chamou a atenção a flexibilidade do horário. Assim ficou mais fácil poder conciliar a vida de ser mãe com a carreira profissional e poder estudar, afirma ela, que ainda conseguiu uma bolsa pelo programa Educa Mais Brasil e paga menos de R$ 250 na mensalidade.
Numa comparação entre o ensino presencial e o a distância, aponta que a principal vantagem desse com relação àquele são as aulas práticas, como aquelas em laboratório ou as chamadas ‘aulas de campo’ realizadas dentro do curso de Geologia.
Mas com relação ao conteúdo, questão acadêmica e de aprendizagem, o EaD não perde em nada para o presencial. Você fixa bem a matéria, tem um número bom de exercícios para fazer, provas, inclusive presenciais, e também workshops, que são aulas presenciais, aponta a geóloga e futura professora de geografia.