TATIANA VAZ
GOIANA, PE (FOLHAPRESS) – Os desafios econômicos e ambientais por quais o mundo passa hoje podem ser a grande oportunidade de o Brasil se destacar no comércio global, disse Sergio Marchionne, presidente mundial do grupo ítalo-americano FCA, dono das marcas Fiat e Chrysler. A mensagem foi transmitida pelo executivo ao presidente Michel Temer durante visita à fábrica da Jeep, em Goiana, Pernambuco, nesta sexta (23).
O grupo anunciou a volta do terceiro turno da produção, interrompido desde 2016. O número de empregados passará de 12,1 mil funcionários para 13,6 mil.
“Meu papel foi encorajar o governo a construir oportunidades melhores do que as que vínhamos tendo até agora para competir”, disse.
Segundo ele, não havia interesse da companhia no mercado brasileiro no passado justamente pela falta de abertura às exportações.
“Apesar de todas as iniciativas [da empresa no país], nunca conseguimos fazer do Brasil um mercado global. Chegou o momento de trazer a questão para o governo brasileiro e argentino”. Na quinta (22), Marchionne esteve com o presidente da Argentina, Mauricio Macri, para debater o assunto.
A União Europeia pressiona o Mercosul pela abertura do seu setor automotivo, dentro das negociações para destravar o acordo de livre-comércio os blocos.
De acordo com o executivo, a nova relação comercial dos Estados Unidos traz uma mudança significativa para a economia global. O foco americano se mostra mais local do que foi historicamente foi até agora.
“Temos de ver como essas discussões [com o governo americano] se darão nos próximos seis, nove meses, mas essa é sem dúvida uma chance de a América Latina ter um espaço maior globalmente, principalmente para o Brasil”, disse Marchionne.
O executivo disse ainda que pode ser mais importante do que nunca para o Brasil “abraçar oportunidades de exposição comercial de uma maneira real”: “O Brasil olha muito para dentro. Precisa olhar as oportunidades fora, reconhecer a importância das exportações e encarar isso como um projeto”.